HONG KONG - Dezenas de pessoas ficaram feridas nesta terça-feira, 9, em Hong Kong durante uma operação da polícia, que realizou disparos de advertência para dispersar vendedores ambulantes com barracas ilegais montadas nas comemorações do ano-novo Lunar. Foi o pior episódio de violência desde os protestos pró-democracia de 2014.
Cerca de 90 policiais ficaram feridos por estilhaços de vidro, assim como dezenas de manifestantes durante os incidentes ocorridos quando o habitantes da ex-colônia britânica festejavam o ano-novo chinês. Segundo a polícia, 54 pessoas foram detidas por perturbar a ordem e agredir policiais.
Imagens da televisão local mostraram imagens de um agente apontando sua arma para a multidão, que jogava pedras e pedaços de madeira e queimava latas de lixo.
Estes incidentes ocorreram em Mongkok, bairro muito populoso da parte continental de Hong Kong. Os distúrbios começaram quando a polícia investiu contra camelôs sem licença para vender, principalmente comida.
Os moradores locais, militantes da causa contra a influência de Pequim, começaram a protestar contra a ação policial. Nas redes sociais, os internautas cunharam a expressão "revolução das almôndegas de peixe", em alusão a uma especialidade culinária local muito vendida nas ruas.
O chefe da polícia de Hong Kong, Stephen Lo, justificou os disparos de advertência, alegando que foram para defender um colega que estava ferido que estava sendo agredido. Na entrevista coletiva, o chefe de polícia mostrou parte das armas usadas pelos manifestantes, entre elas paus de madeira, latas de gás, tijolos, elaborados escudos caseiros assim como coletes anti-balas.
"Alguns transportaram as provisões em veículos. Não descartamos que se trate de uma ação organizada ou planificada", disse Lo.
O chefe do governo de Hong Kong, Leung Chun-yin, condenou com firmeza o que chamou de atos de violência. Quatro jornalistas ficaram feridos, informou a Associação de Jornalistas de Hong Kong em seu Facebook.
Entre os detidos está o membro do grupo independentista do Hong Kong Indigenous Edward Leung, que tenta ser eleito para o parlamento da cidade em três semanas, confirmou em sua página de Facebook.
O jornal local "South China Morning Post" citou hoje grupos locais radicais independentistas nascidos por causa dos históricos protestos de 2014 como participantes dos distúrbios.
Em 2014, a ex-colônia britânica registrou a crise política mais grave desde sua devolução à China em 1997. Os incidentes mais violentos foram registrados justamente no bairro de Mongkok, península de Kowloon. Milhares de manifestantes paralisaram vários bairros da cidade para exigir direito a voto para designar o próximo chefe de governo. / AFP, EFE e REUTERS