THE NEW YORK TIMES - Combates têm eclodido ao longo da instável fronteira entre Israel e o Líbano nesta segunda-feira, 9. Trata-se da segunda ocorrência do tipo desde o início do ataque palestino em Israel que partiu da Faixa de Gaza, no sábado. A preocupação israelense quanto à possibilidade de o conflito - a invasão mais violenta dos últimos 50 anos - se estender a várias frentes tem aumentado.
As estradas que saem do sul do Líbano em direção a Beirute, a capital, ficaram congestionadas ao fim da tarde. As pessoas estavam tentando fugir dos confrontos, segundo a agência de notícias estatal libanesa. O Ministério da Educação do Líbano fechou as escolas da região até segunda ordem. E nos lares e estabelecimentos comerciais de Beirute, as pessoas ficaram coladas nas telas de televisão assistindo às imagens de incêndios e explosões na região.
A Jihad Islâmica, outro grupo armado além do Hamas também sediado em Gaza e acusado de partir de dentro do Líbano para um ataque no passado, reivindicou a responsabilidade pelo ataque ao norte de Israel. As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram que os invasores dispararam morteiros e entraram no território israelense. Dois deles foram mortos e outro fugiu para o Líbano.
As forças isralenses, com uso de helicópteros, retaliaram o ataque. Seus aviões atingiram três postos militares pertencentes ao Hezbollah, a organização armada xiita libanesa que travou uma guerra com Israel em 2006. Os xiitas confirmaram na segunda-feira à noite que três de seus combatentes tinham sido mortos em bombardeios de Israel, de acordo com um comunicado divulgado pela Al Manar, uma emissora libanesa. Em resposta às mortes, o Hezbollah afirmou mais tarde ter efetuado ataques contra dois quartéis militares israelenses, utilizando mísseis teleguiados e morteiros.
Para entender
Um porta-voz do exército confirmou que soldados israelenses tinham ficado feridos nos confrontos de segunda-feira, mas não especificou o número.
No domingo, o Hezbollah atacou três postos israelenses com projéteis de artilharia e foguetes que miravam a zona de Shebaa Farms, território que considera ocupado pelo Líbano. As Forças de Defesa de Israel responderam à altura com artilharia de fogo e ataques de drones.
O Hamas, grupo terrorista palestino que controla a Faixa de Gaza, apelou aos grupos armados do Líbano para se juntarem ao ataque contra Israel no sábado. A Jihad Islâmica, que já atuava em conjunto com o Hamas, tem uma atuação considerável no Líbano, bem como em Gaza.
De acordo com as Nações Unidas, cerca de 250 mil palestinos residem no Líbano. Todos são descendentes dos refugiados ou são os próprios que foram forçados a abandonar os seus lares em 1948, quando houve a criação do Estado de Israel.
Após o início dos combates, o Comando da Frente Interna de Israel ordenou aos habitantes de 28 cidades e aldeias próximas da fronteira com o Líbano que entrassem em abrigos antibomba, convocando “uma ofensiva em grande escala”. Foi solicitado que levassem comida, água e material para dormir, o que indica que poderão ter de permanecer escondidos durante algum tempo.
As forças de manutenção da paz da ONU no sul do Líbano apelaram à calma. Andrea Tenenti, porta-voz da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) disse que ambos os lados precisam exercer a “máxima contenção” para “evitar uma nova escalada do conflito e a perda de vidas”.
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