BUENOS AIRES - O Congresso da Argentina deu sinal verde para o governo de Javier Milei selar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que permite o refinanciamento da dívida e o acesso a novos fundos. O aval ao presidente foi dado no mesmo dia em que milhares saíram às ruas de Buenos Aires para apoiar os aposentados afetados pelo rígido ajuste fiscal do governo e repudiar o acordo com o organismo internacional.
Com 129 votos a favor, 108 contra e 6 abstenções, a Câmara dos Deputados endossou um decreto de necessidade e urgência (DNU) para avançar com o novo acordo com o FMI, que inclui novos dólares para pagar dívidas no âmbito do empréstimo recorde que o país sul-americano obteve em 2018. O valor do novo empréstimo é desconhecido e se somará aos US$ 44 bilhões (R$ 249 bilhões) que Buenos Aires já deve ao Fundo.

O peronismo, a principal força de oposição, votou contra e advertiu que não reconhecerá a nova dívida contraída com o FMI se voltar a controlar o governo.
Do lado de fora do Congresso, convocados por sindicatos, organizações sociais e torcidas organizadas de futebol, os manifestantes se reuniram para mais um protesto contra o rígido ajuste fiscal do governo, em mais um desafio ao presidente.
Vários quarteirões no entorno do Parlamento foram protegidos por cercas de metal e dezenas de caminhões com jatos d’água. A operação policial envolveu mais de 2 mil agentes. A megaoperação de segurança foi montada devido aos casos de violência ocorridos nas manifestações das semanas anteriores.

Segundo jornais argentinos, o clima esquentou na reta final do protesto. Um pequeno grupo de manifestantes desafiou a policia na Avenida Rivadavia, do outro lado da cerca, atirando objetos contra a força policial. Um deles se espatifou entre os policiais. Minutos antes, alguns manifestantes tentaram derrubar a cerca, mas foram reprimidos com gás lacrimogêneo.
Quase 60% dos aposentados recebem o salário mínimo, equivalente a US$ 265 (R$ 1.500). Em 2024, o governo congelou um bônus de US$ 70 (R$ 400) ao qual tinham direito e reduziu a entrega gratuita de remédios, cujos preços dobraram em um ano./COM AFP