Congresso do Peru rejeita pedido de destituição da presidente por caso de relógios de luxo

Dina Boluarte deve prestar depoimento nesta sexta na investigação do Ministério Público sobre suposto enriquecimento ilícito

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Por Redação

LIMA - O Congresso do Peru rejeitou, nesta quinta-feira, 4, a admissão para debate de dois novos pedidos de destituição contra a presidente Dina Boluarte, depois que o Ministério Público iniciou uma investigação contra ela pela suposta posse de relógios de luxo e joias não declaradas.

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As moções, apresentadas pelas bancadas de esquerda, acusavam Boluarte de incapacidade moral permanente para prosseguir até o fim do seu mandato, em 2026, depois que ela passou a ser investigada por suspeita de enriquecimento ilícito.

Apesar de a presidente não contar com bancada própria, nenhuma das iniciativas obteve 40% dos votos a favor, graças a um amplo grupo que vai desde o centro à extrema direita que tem a maioria e apoia o governo.

O primeiro-ministro do Peru, Gustavo Adrianzen (esq.), discursa no Congresso para pedir um voto de confiança para permitir que a presidente Dina Boluarte permaneça no cargo apesar do escândalo dos relógios de luxo Foto: Juan Carlos Cisneros/AFP

O primeiro pedido obteve 49 votos contra, 33 a favor e 15 abstenções, enquanto o segundo alcançou 59 contra, 32 a favor e 11 abstenções. Eram necessários 48 votos para a admissão do debate.

Sem partido nem bancada própria, a presidente depende do apoio parlamentar da direita para se manter no poder.

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Uma das moções foi apresentada pelo Peru Livre, partido de esquerda ao qual pertencia Boluarte, enquanto a segunda foi de autoria da bancada também esquerdista Mudança Democrática – Juntos pelo Peru.

As votações foram realizadas na véspera do depoimento da presidente peruana ao Ministério Público, nesta sexta, sobre o escândalo que ficou conhecido como Rolexgate. No sábado, o MP e a polícia fizeram buscas em sua casa e em seu gabinete à procura dos relógios e joias.

O Ministério Público também ordenou que Boluarte, de 61 anos, apresente os objetos e esclareça sua origem como parte de seu patrimônio.

O presidente do Conselho de Ministros, Gustavo Adrianzén, estimou que, depois que a presidente prestar seu depoimento ao MP, o caso ficará esclarecido. De qualquer maneira, o MP só pode apresentar uma denúncia contra Boluarte quando seu mandato terminar, em julho de 2026. As moções de destituição foram votadas depois que o Congresso aprovou, na quarta-feira, uma moção de confiança para o terceiro gabinete de Boluarte.

Nos 16 meses da presidente no poder, os legisladores de esquerda apresentaram quatro moções de destituição contra ela. Nenhuma foi admitida.

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Boluarte está em um momento de fragilidade, com um nível de aprovação inferior a 10%. No entanto, o Congresso também é tão impopular quanto ela, com uma desaprovação que chega a 85%, enquanto as opiniões favoráveis somam apenas 9%, com base em uma pesquisa nacional realizada pelo instituto Ipsos no mês passado./AFP

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