A oficina do Papai Noel abre na pista de gelo ao ar livre no centro de Rochester, nos Estados Unidos. Há a iluminação da pirâmide de barris na cervejaria local. Começam as produções de “Um Conto de Natal” e “O Quebra-Nozes”. Depois, há as dezenas de milhares de corvos que descem à cidade todos os dias ao anoitecer, no início de dezembro, e os fogos de artifício e os lasers que são usados para os afastar.
Funcionários municipais e especialistas em vida selvagem estimam que mais de 20.000 corvos se empoleiram no centro da cidade todas as noites.
“É como se estivéssemos em ‘Os Pássaros’”, disse Rachel Kudiba, referindo-se ao filme clássico de Alfred Hitchcock sobre pássaros em fúria assassina. Kudiba foi um dos quatro especialistas dos Serviços de Vida Selvagem do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos contratados pela cidade para perseguir e espantar os grupos maciços de corvos. Uma epidemia dizimou a população americana de corvos no início dos anos 2000.
Mas ninguém o saberia ao ver a nuvem de corvos negros a grasnar e a rodopiar sobre as quedas de água do rio Genesee. Ele vêm de quilômetros de distância, dizem os especialistas em vida selvagem, procurando calor na grelha de concreto da cidade e luz ambiente depois de se alimentarem nos campos.
O fenômeno ocorre nos centros urbanos, com relatos de grandes poleiros que passam o inverno em cidades do norte do estado de Nova York, como Albany, Auburn e Poughkeepsie; em Danville, Illinois, no Midwest; e em Portland, Oregon, e Sunnyvale, na Califórnia.
Ritual centenário para afugentar corvos
Muitas cidades empregaram táticas de medo para afastar os corvos. Mas poucas parecem tão consistentes no seu regime como Rochester, onde o ritual anual de espantar os corvos começou em 2012.
Durante duas ou três noites, nesta época, especialistas em vida selvagem percorrem a cidade. Há tempo suficiente para terem uma ideia de onde as aves se reúnem e recebem ajuda dos moradores que, em resposta à campanha divulgdaa pelos meios de comunicação social da cidade, ligam pela linha direta 311.
Quando localizam um grupo, que seguem tanto pelo som quanto pela visão, utilizam uma variedade de técnicas para despertar os corvos. Iluminam com holofotes, disparam fogo de artifício, projetam raios laser nos edifícios próximos e fazem gravações de corvos em perigo. Se estas táticas não funcionarem, batem palmas.
As práticas não prejudicam os corvos, de acordo com ornitólogos e funcionários municipais. Mas isso não impediu o fluxo de simpatia pelas aves cautelosas nas redes sociais, incluindo a página do Facebook “Rochesterians for Crows” e um post “City of Rochester vs the Crows” (Cidade de Rochester contra os Corvos), no Reddit.
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Perseguição até a meia-noite
Os corvos costumam fugir em grupos turbulentos de milhares, para depois pousarem em outros locais da cidade, dando início a um jogo de gato e rato que se prolonga até à meia-noite e recomeça algumas horas antes do amanhecer do dia seguinte.
“É um ciclo vicioso”, disse Kudibar. O seu parceiro na operação, Daniel Hojnacki, um biólogo da vida selvagem, apontava um laser para cima. Para onde vão as aves? “Para onde não as conseguimos encontrar”, disse ele, rindo.
Os especialistas dizem que o seu objetivo não é expulsar as aves da cidade. Isso é uma tarefa absurda. Nenhum raio laser pode desfazer o padrão que atraiu estas aves inteligentes para Rochester durante décadas.
Em vez disso, o objetivo é dividir os seus poleiros em massas menos barulhentas - e menos bagunçadas, uma vez que os corvos remexem no lixo e sujam a cidade com seus excrementos.
Karen St. Aubin, diretora de operações de Rochester, disse que a cidade gasta cerca de US$ 9.000 por ano na dispersão dos corvos. Vale a pena, disse ela.
“Costumávamos ter de usar máquinas para lavar bancos, passeios, estátuas”, disse St. Aubin. “É realmente uma questão de manutenção. Alguns destes poleiros maiores estão em locais públicos e podem torná-los inutilizáveis.”
Kevin McGowan, que estuda os corvos no Laboratório Cornell de Ornitologia, disse que a abordagem de Rochester parece razoável. “Pode tirá-los de um bairro ou da câmara municipal, mas não se vai livrar deles”, disse McGowan. “É uma coisa contínua”, acrescentou. “Mas, como eu digo às pessoas, ter essas grandes aglomerações em algum lugar que você possa ver é muito legal.”
c.2024 The New York Times Company
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