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Conheça Bana Alabed, menina síria de 7 anos caracterizada como a nova Anne Frank

Em uma conta no Twitter administrada por sua mãe, jovem relatava momentos críticos do cotidiano de sua família que luta para sobreviver em Alepo

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Por Redação

LONDRES - A mensagem de despedida surgiu no domingo em apenas três frases curtas: “Temos certeza de que o Exército está nos capturando agora. Nos veremos outro dia querido mundo. Tchau”. O texto curto foi assinado por Fatemah, mãe de Bana Alabed, uma garota síria de 7 anos de idade que contava aos seus mais de 200 mil seguidores no Twitter os problemas que ela e sua família enfrentavam para sobreviver na cidade de Alepo.

Segundo o jornal The Washington Post, Fatemah afirmou que o Exército sírio estava próximo da vizinhança onde a família morava - em uma região controlada pelos rebeldes -, após terem a casa anterior destruída por um bombardeio. Depois da publicação feita pela mãe de Bana, a conta da menina foi deletada da rede social.

Pelo Twitter, Bana Alabed narra a situação na cidade síria de Alepo Foto: Reprodução

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Ativa no Twitter desde setembro, em pouco tempo Bana se tornou um símbolo dos horrores que acontecem na Síria. Ela dividia seu medo dos bombardeios com seus seguidores e publicava fotos de edifícios destruídos. Por seus relatos, acabou se tornando a Anne Frank - adolescente que escreveu um diário sobre o cotidiano de sua família fugindo dos nazistas - da guerra civil síria atual.

No dia 4 de outubro, Bana parou ao lado de um jardim coberto por escombros. “Esse é o nosso jardim bombardeado. Eu costumava brincar aqui, agora não há lugar para isso”, disse. Dez dias depois, ela sentou ao lado de seus dois irmãos menores no chão de sua casa, tirou uma foto e publicou com a legenda: “Estamos escrevendo para esquecer a guerra.”

Em 30 de novembro, sua mãe assinou um tuíte endereçado ao presidente americano Barack Obama: “Somos uma família sofrendo ao lado de muitas outras no leste de Alepo. Vocês poderiam nos ajudar a ir para longe desse campo de batalha?”.

O que se sabe sobre Bana, de acordo com o Washington Post, pelas suas publicações é que ela sente falta da escola, sonha em ser professora e adoraria escrever um livro. Além disso, já perdeu muitos amigos. “Essa é a casa bombardeada de uma amiga. Ela morreu. Sinto tanto a falta dela”, escreveu em setembro, publicando a imagem do local destruído.

Sua paixão pela leitura e sua presença no Twitter conectaram Bana a J.K. Rowling, autora da série de livros do Harry Potter, a qual enviou cópias digitais dos livros da trilogia para ela.

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Sabe-se também que a conta na rede social é de uma pessoa real. Fatemah explicou em uma conversa por vídeo feita com a rede britânica BBC que elas não fazem parte de grupos políticos ou de caridade, e são apenas uma família normal presa em uma zona de guerra.

Apesar da comoção, nem todos gostaram das publicações de Bana. O presidente sírio, Bashar Assad, que já havia negado a existência do menino Omran - que ficou conhecido após ser filmado em uma ambulância coberto de sangue e pó em razão de um bombardeio -, disse recentemente a um jornalista que a conta de Bana é semelhante a uma mentira alimentada pela mídia. “É um jogo de propaganda”, afirmou ele.

No Twitter e em entrevistas com jornalistas, Fatemah explicou que a família usa um celular e um carregador que funciona a base de energia solar para fazer as transmissões. Os tuítes já foram compartilhados milhares de vezes e comentados por pessoas do mundo todo, como França, Escócia, EUA, Austrália e Peru.

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