CARACAS - O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, se declarou nesta quarta-feira, 23, presidente interino do país e foi reconhecido, minutos depois, pelo presidente americano, Donald Trump, lançando ainda mais dúvidas em relação ao futuro país Sul-americanos.
Guaidó, um político novo e até pouco tempo quase desconhecido no país, é a principal aposta da oposição venezuelana depois de os nomes mais conhecidos serem forçados ao exílio ou inabilitados pela Justiça.
Conheça os principais líderes da oposição ao chavismo:
• Juan Guaidó
Até o começo de 2019, poucas pessoas conheciam Juan Guaidó. Presidente da Assembleia Nacional (o Legislativo venezuelano) desde 5 de janeiro, o político de 35 anos estudou engenharia na Universidade Católica de Caracas e fez pós-graduação em gestão pública na universidade de George Washington, nos Estados Unidos, e no Instituto de Estudos Superiores de Administração da capital venezuelana.
Hoje ele é figura essencial para a oposição em confronto com o presidente Nicolás Maduro, considerado por vários “ditador”. Para alguns de seus detratores, no entanto, ele é inexperiente e com discurso ambíguo, enquanto outros o veem como um construtor de consensos, grande organizador e integrante da nova geração política que surgiu após os protestos estudantis de 2007.
Até antes de ser eleito para a Assembleia Nacional, estudava e colaborava politicamente com Leopoldo López, líder da oposição atualmente em prisão domiciliar (leia mais abaixo). O jovem deputado não gosta que o vejam como um político sem experiência e diz com orgulho que foi, junto de López há mais de uma década, um dos fundadores do partido Voluntad Popular.
Guaidó teve uma carreira de nove anos na Assembleia Nacional, cinco deles como deputado suplente (2011-2015) e quatro como titular. No Congresso, foi presidente da Comissão de Controladoria em 2017 e líder da oposição em 2018.
• Leopoldo López
Sob prisão domiciliar desde 2017 cumprindo uma pena de quase 14 anos por promover protestos em 2014 que terminaram com 43 mortos, Leopoldo López foi o principal rosto da oposição venezuelana na primeira grande onda de protestos contra Maduro.
Em 2015 o ex-procurador Franklin Nieves, que acusou López, disse que o processo para condená-lo foi uma farsa orquestrada por Maduro. Em 2018, a chavista dissidente e ex-procuradora-geral Luisa Ortega Díaz denunciou que sofreu pressões de Diosdado Cabello para acusar o líder opositor por duas mortes - a condenação de López no entanto, continua em vigor.
Antes de fundar o Voluntad Popular, López participou da criação do Primero Justicia e por um breve período também fez parte do Un Nuevo Tiempo (UNT).
• Henrique Capriles
Político que chegou mais perto de derrotar o chavismo na urna em duas ocasiões - em 2012, contra Hugo Chávez, teve 44,31% dos votos; em 2013, contra Maduro, ficou com 49,12% -, Henrique Capriles já foi presidente da Assembleia Nacional, prefeito de Baruta em dois mandatos (2000-2008) e governador do Estado de Miranda também em duas ocasiões (2008-2017).
Líder do Primero Justicia, em 2017 foi inabilitado pela Controladoria venezuelana para exercer qualquer cargo público por um período de 15 anos. Posteriormente, no entanto, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) emitiu uma circular que o qualificava a retornar para a política, mas que não foi reconhecida por Caracas.
À frente da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Capriles foi um dos responsáveis pelo boicote à eleição da Assembleia Constituinte, em 2017. Ele não participou da eleição de governadores, em 2017, e da eleição presidencial de 2018 - vencida por Maduro - em razão da inabilitação política.
• Antonio Ledezma
Ex-prefeito de Caracas, Antonio Ledezma fugiu do país e buscou asilo na Espanha em 2017 depois de passar quase dois anos em prisão domiciliar sob alegação de tentar organizar um golpe contra Maduro - ele nunca foi julgado neste caso.
"Vou dedicar-me a viajar pelo mundo, contribuirei no exílio para ser uma extensão da esperança dos venezuelanos de sair deste regime, esta ditadura", disse Ledezma quando chegou à Espanha.
Desde então, tem ido a vários países para denunciar a "ingerência humanitária" em seu pais e pedir apoio a um governo de “transição”.
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