WASHINGTON - Construir um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México como o que pede o presidente americano, Donald Trump, levaria mais de 10 anos e demandaria ao menos 10 mil trabalhadores, segundo reportagem do diário The Washington Post.
O jornal americano questionou vários engenheiros e empresas de construção civil sobre o planejamento e a execução de um muro na fronteira que siga o desenho de 1,6 mil quilômetros como exigido por Trump. Os resultados determinaram que completar o muro demandaria 10 anos e empregaria mais de 10 mil trabalhadores.
Além disso, segundo os engenheiros, com os US$ 5,7 bilhões que Trump quer destinar para a obra e é alvo da disputa com os democratas - o que mantém o governo paralisado desde 22 de dezembro - só seria possível construir 370 quilômetros de barreira.
O custo total do projeto seria de ao menos US$ 25 bilhões, segundo as estimativas de Ed Zarenski, professor de cálculos construtivos do Instituto Politécnico de Worcester, em Massachusetts.
"Não diria que é impossível, mas temos que levar em contra certas considerações de engenharia", disse Zarenski, que trabalhou por 30 anos nos cálculos de projetos da construtora Gilbane, uma das mais importantes dos EUA.
Entre os aspectos a levar em conta, o especialista relatou que o relevo da fronteira é singularmente remoto e difícil.
Além disso, antes de iniciar os trabalhos deveriam ser realizados "estudos de solos e estudos ambientais", seria necessário criar um caminho para permitir a passagem de escavadeiras e caminhões, bem como seria necessário comprar alguns terrenos.
Nesta semana, Trump defendeu a construção de seu muro como uma solução para uma "crise humanitária e aumento da segurança na fronteira".
O último projeto apresentado pelo presidente usa o aço como seu principal material, algo que traria mais custos ao orçamento da obra devido à escassez da matéria-prima e seu alto preço, assegurou o especialista.
Anteriormente, a indústria de concreto viu uma oportunidade de negócio no muro fronteira, já que inicialmente esse seria o material base como prometido Trump, lembrou Gary Wineck, diretor de construção da Universidade do Texas.
Ele considera a mudança positiva já que concreto daria muitos problemas de estabilidade. "A logística não vai matar o projeto, mas será um desafio", disse Wineck. / EFE
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