PUBLICIDADE

Contratação de ex-militares britânicos pela China coloca Reino Unido em alerta

Governo britânico alertou que a oferta de contratos para treinar soldados chineses poderia colocar em risco segredos e capacidades de segurança do país

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

LONDRES - O governo britânico alertou seus ex-militares a não se deixarem atrair pela China com contratos lucrativos para treinar as Forças Armadas chinesas, citando preocupações de que tal atividade possa dar a Pequim acesso aos segredos e capacidades de segurança nacional do Reino Unido.

PUBLICIDADE

“A China é um concorrente que está ameaçando os interesses do Reino Unido em muitos lugares ao redor do mundo”, disse o ministro das Forças Armadas britânicas, James Heappey, à Sky News em entrevista nesta terça-feira, 18. “Há uma preocupação dentro do MOD há vários anos”, acrescentou, referindo-se ao Ministério da Defesa do Reino Unido.

Isso levou Londres a considerar mudar suas leis para criminalizar ex-funcionários que assumirem contratos para treinar membros de certas forças armadas estrangeiras.

Soldados marcham em frente a um cartaz com a imagem de Xi Jinping durante a abertura do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista chinês Foto: Andy Wong/AP

“Abordamos as pessoas envolvidas e deixamos claro que nossa expectativa é que eles não continuem a fazer parte dessa organização. Uma vez que as pessoas tenham recebido esse aviso, será considerado por lei uma ofensa continuar esse treinamento”, acrescentou Heappey.

Um legislador britânico, Tobias Ellwood, foi mais longe.

“Os veteranos da RAF que ajudam a treinar os chineses devem perder a cidadania britânica”, twittou Ellwood, veterano militar e político conservador. “Não devemos nos surpreender com a audácia da China em atrair pilotos do Reino Unido para aprender sobre nossas táticas.”

Apesar da retórica, continua sendo difícil, na prática, para o Reino Unido retirar a cidadania de alguém por questões de segurança nacional.

Publicidade

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse em uma entrevista coletiva diária que não tinha conhecimento de tais esforços de recrutamento.

Em uma declaração ao jornal The Washington Post, um porta-voz do Ministério da Defesa do Reino Unido chamou esse recrutamento de um desafio de segurança “contemporâneo”, observando que “todos os servidores e ex-funcionários já estão sujeitos à Lei de Segredos Oficiais, e estamos revisando o uso de contratos de confidencialidade e acordos de não divulgação em toda a Defesa”.

A Lei de Segredos Oficiais do Reino Unido estabelece crimes relacionados à espionagem, sabotagem e divulgação ilegal de informações oficiais por alguns funcionários do governo.

“Estamos tomando medidas decisivas para impedir os esquemas de recrutamento chineses que tentam caçar militares e ex-pilotos das Forças Armadas do Reino Unido para treinar pessoal do Exército de Libertação Popular”, acrescentou o comunicado do ministério britânico.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

As relações entre Pequim e Londres se estremeceram nos últimos anos em razão do comércio, preocupações com as liberdades civis em Hong Kong, uma ex-colônia britânica, e o tratamento dos muçulmanos uigures na Província de Xinjiang. A primeira-ministra britânica, Liz Truss, disse anteriormente que a China representa uma ameaça à ordem internacional com base em regras e acusou Pequim de “construir rapidamente um exército capaz de projetar poder profundamente em áreas de interesse estratégico europeu”.

Na semana passada, um dos chefes de espionagem mais importantes do Reino Unido fez um raro discurso público, alertando sobre a tentativa da China de ampliar sua esfera de influência usando ciência e tecnologia.

Jeremy Fleming, chefe da agência de inteligência, cibersegurança e segurança do Reino Unido, acusou o Partido Comunista da China de tentar criar “economias e governos clientes”. Ele também alertou sobre os “custos ocultos” da dependência excessiva da tecnologia chinesa.

Publicidade

O governo britânico não é o único a se preocupar. Na semana passada, a Casa Branca disse em uma estratégia de segurança nacional que a China continua sendo o desafio geopolítico mais importante para os Estados Unidos, apesar da guerra em curso da Rússia na Ucrânia. Em resposta, Pequim acusou Washington de “adotar um pensamento da Guerra Fria” e pediu melhores esforços para reparar as relações tensas./AP e W.POST

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.