CARACAS - A Controladoria-Geral da República da Venezuela inabilitou nesta terça-feira o líder da oposição, Juan Guaidó, e outros 27 ex-deputados do Parlamento para ocupar cargos públicos por 15 anos, por terem se recusado a apresentar uma declaração juramentada de bens após deixarem suas funções como legisladores.
O controlador venezuelano, Elvis Amoroso, declarou em um discurso transmitido na televisão pública VTV que Guaidó e os outros 27 punidos, muitos deles colaboradores da oposição, têm algo a esconder e se recusaram a declarar os bens de maneira oficial.
"Sabemos que esses personagens estão envolvidos em atos de corrupção. Eles apreenderam o dinheiro de todos os venezuelanos", denunciou Amoroso, sem apresentar provas ou qualquer outro detalhe.
Entre os inabilitados estão o ex-deputado Julio Borges, que atua como comissário de relações exteriores de Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 40 nações, e Sergio Vergara, que era o braço direito do líder da oposição.
"É apropriado lembrar ao povo venezuelano que a declaração juramentada de bens é um instrumento moralizante, que constitui um mecanismo de controle preventivo na luta contra a corrupção e o monitoramento da conduta do funcionário público", continuou o controlador.
Guaidó não reagiu imediatamente à notícia, mas tudo indica que recorrerá. O líder da oposição diz que mantém a sua função de deputado, embora o mandato tenha terminado oficialmente em 5 de janeiro e agora o Assembleia Nacional seja controlada por maioria esmagadora do chavismo.
Guaidó e outros ex-deputados estão sob uma instância chamada comissão delegada, uma figura que eles lançaram em dezembro passado para estender o mandato então exercido como chefe do Parlamento.
O opositor decidiu utilizar esse órgão como forma de validar suas decisões, depois de considerar que as eleições legislativas realizadas em dezembro não tinham padrões democráticos e, por isso, sua coalizão não participou.
A comissão, uma figura que o Parlamento ativa quando está em recesso, é reconhecida por alguns países como os Estados Unidos e a Colômbia, mas na Venezuela perdeu sua validade antes da instalação do novo órgão legislativo que é controlado por partidários do governo de Nicolás Maduro. /EFE
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