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Coreia do Norte: cinco coisas para saber sobre o lançamento do satélite militar espião

Lançamento, que Kim Jong-un classificou como sucesso, foi a terceira tentativa do país este ano; equipamento servirá para monitorar atividades militares de países como EUA e Coreia do Sul

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Por Redação

A Coreia do Norte anunciou que lançou com sucesso um satélite de reconhecimento militar em órbita na terça-feira, 22, depois de duas tentativas falhas e muita conjuntura sobre se Pyongyang seria capaz de progredir em um dos projetos apaixonados do ditador Kim Jong-un.

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A agência espacial da Coreia do Norte tem trabalhado em colocar o satélite no espaço para ficar de olho as atividades militares “inimigas” em tempo real. Veículos espaciais lançadores usam tecnologias que são intercambiáveis com aquelas usadas em mísseis balísticos, incluindo os de longo alcance capazes de atingir todo o território nacional dos Estados Unidos.

Aqui estão cinco coisas para saber sobre o lançamento de satélite da Coreia do Norte.

Essa foi a terceira tentativa

A Coreia do Norte tentou duas vezes lançar o novo tipo de foguete, nomeado Chollima-1 — em homenagem a um cavalo voador mitológico — em maio e em agosto. Mas falhou em colocar o satélite em órbita nas duas vezes.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse que detectou o lançamento na costa noroeste da Coreia do Norte por volta das 22h43 e que sobrevoou o mar perto da fronteira entre os dois países, segundo a agência de notícias Yonhap.

A Agência Central de Notícias Norte Coreana (KCNA) disse que o satélite lançou às 22h42 e entrou em órbita 22h54. A afirmação não pôde ser verificada de forma independente. A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, disse que os Estados Unidos “ainda estão avaliando o sucesso do lançamento”.

Kim Jong-un estava presente no lançamento e parabenizou os oficiais, cientistas e técnicos associados às preparações dos lançamentos, de acordo com a KCNA. A Coreia do Norte disse que tinha o direito “legítimo” de fortalecer as “capacidades de autodefesa” e que novos lançamentos de satélites espiões ocorreriam em breve, informou a agência.

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Kim Jong-un participou do lançamento de satélite militar espião. Na foto, exibida em um telão, o líder norte-coreano comemora após o lançamento.  Foto: Kazuhiro NOGI/AFP

O gabinete do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que um míssil balístico passou pela prefeitura japonesa de Okinawa e caiu no Oceano Pacífico. A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, disse terça-feira em um comunicado que os Estados Unidos “condenam” a Coreia do Norte “pelo lançamento de um veículo de lançamento espacial (SLV) usando tecnologia de mísseis balísticos”.

A Coreia do Sul decidiu na quarta-feira suspender parcialmente um acordo inter-coreano de redução de tensão de 2018.

A agência espacial oficial de Pyongyang descreveu o programa de satélites como uma medida “indispensável” para contrariar a tentativa de Washington de “militarização espacial”, de acordo com uma reportagem da imprensa estatal no mês passado.

Tentativas anteriores apresentaram “sérios” defeitos

Os foguetes que lançam satélites tipicamente envolvem três fases, e cada uma delas ajuda a impulsionar o foguete mais longe para colocar o satélite fora da atmosfera terrestre.

O primeiro projétil em maio pousou nas águas ocidentais da Coreia do Sul após um “voo anormal” e antes que pudesse lançar qualquer objeto em órbita, segundo autoridades em Seul e Tóquio. Os norte-coreanos disseram que havia defeitos “sérios” que causaram o mau funcionamento do segundo estágio do foguete no ar devido a uma falha no motor.

No teste de agosto, a primeira e a segunda fase do foguete operaram normalmente, mas houve um problema na terceira etapa de voo, de acordo com a KCNA.

Dado que o regime de Kim Jong-un admitiu os dois fracassos anteriores, a afirmação de sucesso da Coreia do Norte é mais crível, disse Chang Young-keun, professor da Universidade Aeroespacial da Coreia do Sul. Mas as capacidades do satélite, que dependem da sua capacidade de produzir imagens de alta resolução que possam ser transmitidas de volta a Pyongyang, permanecem um mistério.

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“Não está claro se a Coreia do Norte irá tornar pública qualquer imagem do satélite, o que irá permitir os Estados Unidos e seus aliados avaliar a capacidade militar do satélite para realizar reconhecimento militar”, disse Chang.

Foto divulgada pela KCNA mostra o foguete carregando o satélite Malligyong-1' sendo lançado. A Coreia do Norte afirma que o lançamento foi bem-sucedido.  Foto: KCNA VIA KNS/AFP

Se foi bem-sucedido, ter um satélite de reconhecimento militar operacional iria significar uma “grande mudança” para a capacidade de inteligência da Coreia do Norte, que até agora tem dependido de radar, ataques cibernéticos e fontes humanas, disse Chad O’Carroll, executivo-chefe do Grupo de Risco Coreano.

Em um sinal de uma corrida espacial nascente na Península Coreana, Seul também está planejando lançar o seu primeiro satélite espião local, a partir da Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia, no final deste mês, para melhor vigiar a Coreia do Norte. A Coreia do Sul depende em grande parte dos Estados Unidos para o rastreamento espaçado.

Putin prometeu ajudar Pyongyang a construir satélites

Kim Jong-un sugeriu que outubro seria o mês para a terceira tentativa de lançamento. Quando se encontrou com o presidente russo, em setembro, Vladimir Putin disse que pretendia ajudar a Coreia do Norte a construir satélites, um comentário notável dada a posição da Rússia como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU - que proíbe testes de tecnologia de mísseis de longo alcance por parte de Pyongyang, incluindo o foguetes usados para lançar satélites.

Watson, a porta-voz da Casa Branca, classificou o lançamento na terça-feira como uma “violação descarada de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, acrescentando que o lançamento “aumenta as tensões e corre o risco de desestabilizar a situação de segurança na região e fora dela”.

Analistas têm ponderado a razão para o atraso após o período de outubro. Estaria Pyongyang apenas se esforçando para aperfeiçoar as capacidades existentes ao longo dos três lançamentos? perguntou Lee Ho-ryung, especialista militar norte-coreano do Instituto Coreano de Análises de Defesa, em Seul. Ou será que a Rússia desempenhou um papel importante ao ajudar Pyongyang a cruzar a linha de chegada?

“O evento importante entre o segundo e o terceiro lançamento foi a cimeira entre a Coreia do Norte e a Rússia, onde discutiram a cooperação militar, espacial, científica e tecnológica e a Coreia do Norte trouxe autoridades dessas áreas para a visita”, disse Lee.

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Há sinais de aumento de cooperação entre Rússia e Coreia do Norte

O lançamento ocorre num momento em que navios russos ligados a redes de transporte militar viajam cada vez mais entre a Coreia do Norte e um porto militar russo, aparentemente transportando grandes quantidades de carga, a prova mais clara até agora de que Pyongyang pode estar ajudando a Rússia na guerra na Ucrânia.

Autoridades de inteligência sul-coreanas afirmam que a Coreia do Norte parece ter recebido assistência técnica da Rússia para o lançamento do seu satélite, mas não forneceram detalhes para apoiar a sua avaliação.

Satélite é apenas um de uma longa lista de armamentos que Kim Jong-un quer adquirir

O lançamento do satélite faz parte do plano quinquenal de desenvolvimento militar da Coreia do Norte anunciado em 2021, e a tecnologia espacial é uma prioridade para o ditador norte-coreano. Pyongyang vê o seu programa espacial como um símbolo de orgulho nacional e de proeza científica. Washington e os seus aliados criticam a procura espacial do Norte pela sua natureza de dupla utilização: a tecnologia tem aplicações civis e militares. A prioridade de Kim Jong-un é acumular uma gama diversificada de capacidades militares, incluindo submarinos que possam lançar mísseis balísticos e mísseis hipersônicos.

Após uma série recorde de lançamentos de mísseis em 2022, o regime de Kim Jong-un continuou testando uma variedade de armas este ano, desafiando as sanções da ONU. Em abril, a Coreia do Norte testou o seu primeiro míssil balístico intercontinental movido a combustível sólido. Os mísseis de propulsão sólida são considerados mais ameaçadores do que os de propulsão líquida porque podem ser lançados de forma mais furtiva e rápida.

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