A Coreia do Norte reconheceu sua primeira morte por covid-19 nesta sexta-feira,13 (horário local, noite de quinta-feira no Brasil), em meio a um surto de “febre” que atinge centenas de milhares de pessoas no país. Outras cinco pessoas com sintomas morreram, mas não há confirmação oficial de que elas estavam infectadas.
Cerca de 350 mil pessoas tiveram sintomas de febre, informou a agência estatal KCNA. Dessas, mais de 187 mil estão sendo tratadas em isolamento, após um surto se espalhar “explosivamente por todo o país” desde o final de abril, disse a agência. A primeira morte confirmada testou positivo para a variante Ômicron do coronavírus, informou a KCNA.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, visitou o centro de comando antivírus na terça-feira, 10, após declarar “grave emergência de Estado”. Kim ordenou um bloqueio nacional na quinta-feira. Em um sinal de crescente urgência, a TV Central estatal mostrou, pela primeira vez, Kim usando uma máscara durante uma reunião do Partido dos Trabalhadores.
O líder norte-coreano “criticou que a propagação simultânea da febre mostra que há um ponto vulnerável no sistema de prevenção de epidemias” que já estabelecido pelo país, disse a KCNA.
Kim destacou o isolamento e o tratamento ativo de pessoas com febre como suas principais prioridades, enquanto pedia a criação de métodos e táticas de tratamento científico “em um ritmo relâmpago” e medidas de reforço para fornecer medicamentos.
O país ordenou que todas as cidades e condados do país de 25 milhões de habitantes se fechassem para combater a disseminação. Em outro despacho, a KCNA disse que as autoridades de saúde estão tentando organizar sistemas de teste e tratamento e reforçar o trabalho de desinfecção.
A admissão de um surto pela Coreia do Norte foi uma mudança abrupta para o país extremamente fechado, que há muito insistia que não tinha casos do vírus que surgiram pela primeira vez na vizinha China há mais de dois anos. Especialistas externos estavam céticos, no entanto, citando a falta de testes extensivos de covid e o sistema de saúde pública do Norte.
A rápida disseminação do vírus destaca o potencial de uma grande crise em um país que carece de recursos médicos e manteve suas fronteiras fechadas. Analistas disseram que o surto pode ameaçar aprofundar a já difícil situação alimentar do país, já que o bloqueio prejudicaria a mobilização de trabalhadores e sua “luta total” contra a seca.
Até agora, a Coreia do Norte não aceitou nenhuma ajuda humanitária relacionada à pandemia, incluindo doações de vacinas de organizações mundiais de saúde. Autoridades sul-coreanas esperam que remessas humanitárias, incluindo vacinas contra a covid-19, possam ajudar a reiniciar o diálogo diplomático entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos e aliados.
O perigo representado pelo surto de covid é maior na Coreia do Norte do que na maioria das outras nações, porque a maioria de sua população não está vacinada. Especialistas em saúde externos há muito questionam a capacidade de Pyongyang de combater um surto em larga escala, embora seu regime seja capaz de impor controles severos ao movimento dos moradores.. /REUTERS, AFP e NYT
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