As investigações do acidente aéreo que matou 179 pessoas na Coreia do Sul avançaram nesta quinta-feira, 2, com operações de busca no Aeroporto Internacional de Muan e nos escritórios da Jeju Air. A polícia afirmou que “planeja determinar rápida e rigorosamente a causa e a responsabilidade” da tragédia. E anunciou que o presidente da companhia aérea, Kim E-bae, está proibido de deixar o país.
“A equipe de investigação impôs a proibição de viajar a dois indivíduos, incluindo o presidente da Jeju Air, Kim E-bae”, disse a polícia na província de South Jeolla, onde ocorreu o acidente na cidade de Muan.
Investigadores da Coreia do Sul e dos Estados Unidos e representantes da Boeing, estavam analisando o local do acidente, o pior desastre aéreo no país em décadas. “A polícia planeja determinar rápida e rigorosamente a causa e a responsabilidade” da tragédia, afirmou em comunicado.
A agência de notícias local Yonhap informou, citando autoridades, que a ordem de busca está relacionada a possíveis acusações de negligência profissional que resultou em mortes.
As duas caixas-pretas estão sendo avaliadas. Os investigadores concluíram, na quarta-feira, a extração dos dados de uma delas, contendo as gravações de voz na cabine. A outra, com os dados de voo, está danificada e foi enviada aos Estados Unidos para análise.
O Boeing 737-800, vindo de Bangkok, na Tailândia, fez um pouso forçado em Muan sem o trem de pouso ativado. O avião colidiu com o muro no final da pista e explodiu em chamas. Das 181 pessoas a bordo, apenas dois comissários sobreviveram.
As autoridades inicialmente citaram uma colisão com pássaros como a provável causa da tragédia, mas posteriormente apontaram a presença de uma barreira no final da pista como fator para o acidente.
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Após o acidente, as autoridades sul-coreanas anunciaram que todas as aeronaves Boeing 737-800 que operam no país serão submetidas a inspeções especiais, com foco no trem de pouso.
O presidente interino da Coreia do Sul, o vice-primeiro-ministro Choi Sang-mok, disse que tomará “medidas imediatas” se essas inspeções revelarem problemas com o modelo do avião.
“Dada a grande preocupação pública com o modelo de avião envolvido no acidente, o Ministério dos Transportes e as agências relevantes devem realizar uma investigação aprofundada sobre a manutenção operacional, educação e treinamento”, declarou Choi. “Se forem detectados problemas durante a inspeção, que tomem medidas corretivas imediatas”.
Homenagem para as vítimas
No aeroporto de Muan, familiares e moradores da região improvisaram um memorial para as vítimas. “Meu amor, sinto tanto a sua falta”, dizia uma das mensagens. “Eu não vou ficar bem. Sempre me lembrarei de você”, afirmava outra.
Os familiares puderam visitar o local do acidente pela primeira vez desde a tragédia na quarta-feira, para se despedir em meio a lágrimas. Centenas de pessoas fizeram fila para prestar homenagens no altar instalado em honra às vítimas./AFP
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