Coreia do Sul anuncia plano para proibir o consumo de carne de cachorro

Lei, que ainda depende de aprovação, é uma reivindicação que tem crescido no país, à medida que a prática centenária caiu em desuso e mais moradores passaram a ter cachorros como pets

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Por Min Joo Kim

A Coreia do Sul está planejando introduzir uma proibição do consumo de carne de cachorro até o final deste ano e proibir de forma total no futuro. A lei especial permitirá um período de três anos para a eliminação progressiva da indústria. Se o projeto for aprovado na legislatura antes do final do ano, a proibição da carne de cachorro entrará em vigor em 2027.

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Comer carne de cão não é explicitamente proibido nem legalizado na Coreia do Sul, e sucessivos governos não conseguiram ter grandes avanços nas promessas de acabar com essa prática.

O impulso público e político para proibir a carne de cachorro tem crescido no país, à medida que a prática centenária caiu em desuso entre a maioria dos jovens coreanos. Da mesma forma, a prática atrai críticas internacionais de ativistas de direitos animais.

O Partido do Poder Popular, no poder, estabeleceu nesta sexta-feira, 16, um cronograma para a ação. “Estamos planejando promulgar uma lei especial para proibir a carne de cachorro neste ano para resolver esta questão o mais rápido possível”, disse Yu Eui-dong, do Partido do Poder Popular, após uma reunião no parlamento com a presença de funcionários do Ministério da Agricultura e ativistas da causa animal.

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A lei exigirá que fazendas de cães, matadouros, comerciantes e restaurantes apresentem um plano de eliminação progressiva às autoridades locais. “Forneceremos apoio total aos agricultores, açougueiros e outras empresas que enfrentarão o fechamento (de seus negócios) ou a transição devido a esta lei”, disse Yu, acrescentando que a compensação será limitada às empresas legalmente registradas que apresentem o plano.

O presidente, Yoon Suk Yeol, e a primeira-dama, Kim Keon Hee, da Coreia do Sul são conhecidos como amantes dos animais, tendo seis cães e cinco gatos. Kim participou de um evento sobre direitos dos animais em agosto e disse que “o consumo de carne de cão deveria acabar… numa era em que humanos e animais de estimação coexistem como amigos”.

Grupos pela causa dos animais celebraram o anúncio de sexta-feira e pediram para que o parlamento sul-coreano aprove o projeto. “A notícia de que o governo sul-coreano está finalmente pronto para proibir a indústria de carne de cachorro é como um sonho se tornado realidade para todos nós que fizemos campanha tão arduamente para acabar com esta crueldade”, disse Chae Jung-ah, da Humane Society International, que participou da reunião parlamentar.

Cães trancados em gaiolas em uma fazenda de carne canina em Seosan, na Coreia do Sul. Foto: Washington Post/ Min Joo Kim

Mas Joo Young-bong, chefe da Associação Coreana de Produtores de Carne de Cachorro, disse que a proposta do governo é “inviável”. “A transição do nosso trabalho vitalício é uma opção difícil e insustentável para nós, agricultores dos anos 60 ou 70″, disse ele em entrevista.

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A indústria deve ser capaz de se sustentar por pelo menos duas décadas, desde que os consumidores de carne de cachorro, principalmente aqueles com 50 anos ou mais, existam no país, disse Joo. Ele afirmou que as vozes dos agricultores e outros envolvidos na indústria foram amplamente deixadas de fora da atual discussão política sobre a proibição da carne de cachorro.

De acordo com um estudo governamental do ano passado, a Coreia do Sul tem cerca de 1.150 fazendas de cães e mais de meio milhão de cães criados para carne, um número significativamente menor do que há décadas. A diminuição da procura de carne de cão reflete uma mudança na percepção do público, juntamente com o aumento da posse de animais de estimação na Coreia do Sul.

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