A Coreia do Sul lançou na sexta-feira, 1, seu primeiro satélite espião militar, uma semana depois de a Coreia do Norte ter colocado em órbita seu próprio satélite espião e em meio a crescentes tensões entre os dois países.
O satélite foi lançado da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia, nos Estados Unidos, a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9. Foi o primeiro lançamento bem-sucedido de cinco planejados por Seul até 2025.
O lançamento, que ocorreu às 10h19, horário local (15h19 de Brasília), estava programado para o início da semana, mas teve de ser adiado devido ao mau tempo. Autoridades militares sul-coreanas manifestaram esperança de que os satélites de reconhecimento servirão como um “olho” para o sistema de ataque preventivo ‘Kill Chain’ do país, pois permitirão a detecção rápida ou sinais de alerta antecipado de um possível ataque nuclear ou de mísseis norte-coreanos.
O ‘Kill Chain’ é a plataforma para detectar possíveis ataques inimigos e ativar ataques preventivos de mísseis de superfície. O projeto foi anunciado em novembro de 2022.
O lançamento bem-sucedido ocorreu depois que a Coreia do Norte colocou em órbita seu primeiro satélite espião, há mais de uma semana, e com o qual alegou ter captado imagens de instalações militares dos Estados Unidos em San Diego e no Japão, assim como do Canal de Suez, no Egito, entre outros.
A Coreia do Norte, que afirmou também ter obtido imagens de bases militares americanas na ilha de Guam, mas até agora não mostrou nenhuma foto obtida por seu novo satélite, colocado em órbita em 21 de novembro.
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Pyongyang envia tropas para a fronteira
A Coreia do Norte restaurou postos de guarda na linha de frente da fronteira com Seul, segundo um anuncio do exército sul-coreano na última segunda-feira, 27. Estes postos de fronteira haviam sido desativados após um acordo entre os dois países, mas desde o lançamento de um satélite espião pelo Norte, houve um aumento de animosidades entre os países rivais.
As duas Coreias desmontaram ou desarmaram 11 dos seus postos de guarda na sua fronteira altamente fortificada, chamada Zona Desmilitarizada, sob um acordo de 2018 feito para reduzir confrontos militares na linha de frente. Esse acordo agora corre o risco de ser desfeito, já tanto o Norte quanto o Sul têm ameaçado abertamente violá-lo.
O acordo exigia que os países interrompessem a vigilância aérea e os exercícios de fogo em zonas que estabeleceram ao longo da Zona Desmilitarizada, além de remover alguns dos seus postos de guarda na linha de frente e minas terrestres.
Entretanto, após a Coreia do Norte ter dito que colocou em órbita seu primeiro satélite espião militar no dia 21 de novembro, a Coreia do Sul disse que suspenderia parcialmente o acordo e retomaria a vigilância aérea em resposta. Seul apontou que sua resposta era “uma medida defensiva mínima” porque o lançamento mostrou as intenções do Norte de fortalecer sua monitorização do Sul e melhorar sua tecnologia de mísseis.
A Coreia do Norte criticou imediatamente a decisão da Coreia do Sul, dizendo que iria implantar armas na fronteira em retaliação. Pyongyang também apontou que não respeitará mais o acordo de 2018./EFE
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