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Coroação reforça imagem do Reino Unido como ator internacional de prestígio, afirma especialista

De acordo com a professora da ESPM Carolina Pavese, a família real britanica passa establidade aos súditos em meio a críse economica do Reino Unido

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Por Daniel Gateno

A coroação do rei Charles III do Reino Unido contribuiu para a imagem do país como grande potência e de nação relevante no cenário internacional, aponta Carolina Pavese, especialista em Europa e professora de relações internacionais da ESPM.

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“A coroação ocorre para reforçar esta referência, da monarquia como um elemento da identidade dos britânicos do qual eles devem se orgulhar. Então a cerimonia reforça esse prestigio e orgulho nacional, de algo suntuoso e pertencente da identidade dos britânicos”, avalia a especialista.

O evento ocorreu em meio a fortes problemas econômicos para os britânicos, com altas taxas de inflação, greves, guerra na Ucrânia e instabilidade na Irlanda do Norte e Escócia.

O rei Charles III do Reino Unido acena para os súditos junto com a rainha consorte Camilla, da sacada do Palácio de Buckingham, em londres  Foto: Leon Neal/ AP

Estabilidade

De acordo com a professora, a monarquia britânica passa uma mensagem de estabilidade neste momento, fortalecendo a existência de um rei como chefe de Estado.

“Diante de tantas trocas de primeiro-ministro que nós temos acompanhado nesses últimos anos no Reino Unido e de uma inflação que é a maior dos últimos 40 anos, são muitos os fatores da vida mundana dos britânicos que transmitem insegurança e instabilidade, e nesse sentido a monarquia vem como um sinal de estabilidade e uma referência”, acrescenta Pavese.

Popularidade de Elizabeth II pode passar para Charles III

Para a professora da ESPM, a instituição da coroa britânica é muito mais forte do que dos indivíduos que a representam, simbolizando a importância da família real britânica para o Reino Unido. Segundo a especialista, a popularidade de Elizabeth II pode ser passada para Charles III, que já teve um crescimento em sua popularidade desde que se tornou rei.

“Com o rei assumindo um papel de protagonista, a sua popularidade aumenta. Quando a Elizabeth II estava viva, era muito difícil se destacar porque ela representava uma forte força matriarca, ofuscando o papel e a relevância de outras figuras da monarquia”, avalia a especialista. “Essa lealdade que os britânicos tem a Elizabeth permanece viva e transferida na figura de apoio ao filho”, completa Pavese.

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A coroa de Santo Eduardo na cerimonia de coroação do rei Charles III Foto: Gareth Cattermole / via REUTERS

Desafios

De acordo com a analista, o principal desafio do reinado de Charles III será melhorar a popularidade da coroa britânica com os mais jovens. De acordo com uma pesquisa encomendada pela BBC, 78% das pessoas maiores de 65 anos apoiam a monarquia, enquanto apenas 32% dos entrevistados de 18 a 24 anos pensam de forma semelhante.

Entre os mais jovens, 38% preferem que o chefe de Estado seja eleito e 30% dizem não saber. O dado mais preocupante para a família real é que 78% dos jovens apontam que “não estão interessados” na família real.

“Vai ter pouca possibilidade dele se modernizar e modernizar a monarquia tanto a ponto de aumentar a sua popularidade dentro da população mais jovem. Existe uma divisão clara e quanto maior a faixa etária maior o apoio tanto para Charles III quando para a monarquia”, destaca a professora da ESPM.

Chefe de Estado

Para a especialista, o novo monarca também tem a missão de reforçar a importância da coroa britânica para fora do Reino Unido.

De acordo com a pesquisa Lord Ashcroft, seis das 14 nações que tem o rei Charles III como chefe de Estado votariam para se tornar repúblicas. Dentre os países que teriam essa avaliação estão Austrália, Jamaica, Canadá, Antígua e Barbuda, Bahamas e Ilhas Salomão.

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