Coronavírus afeta tradições cristãs em Jerusalém durante a Semana Santa

Igreja do Santo Sepulcro permanecerá fechada a fiéis e procissões pela Via Dolorosa estão ocorrendo de maneira restrita

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Por Hiba Aslan e Claire Gounon

JERUSALÉM - A palestina cristã Sawsan Bitar coloca figurinhas em forma de ovo e coelhode pelúcia em casa para dar uma aparência de normalidade à Páscoa em Jerusalém. Por causa da pandemia do novo coronavírus, a Igreja do Santo Sepulcro ficará fechada durante a Semana Santa. É a primeira vez que isso acontece em mais de um século.

No bairro cristão da Cidade Velha, onde vive Bitar, as ruas estão desertas e a maioria dos comércios estão fechados a semanas. "É deprimente", resume a mulher, que lamenta não poder celebrar a páscoa na igreja, como faz todos os anos.

Peregrino para em frente à igreja do Santo Sepulcro, na Cidade Velha, em Jerusalém. Foto: Photo by EMMANUEL DUNAND / AFP

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Para combater a propagação do novo coronavírus, todos os lugares de culto foram fechados ao público em Jerusalém, incluindo a Igreja do Santo Sepulcro, lugar onde, segundo os evangelhos, foi sepultado Cristo depois de morrer na cruz.

Nesta sexta-feira pela manhã, uma missa simples, a portas fechadas, foi celebrada no interior da igreja, e uma procissão mínima percorreu a Via Dolorosa, caminho dentro da Cidade Velha de Jerusalém que marca as 14 paradas da via crucis, caminho de Jesus até a cruz.

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Apenas quatro religiosos puderam fazer o percurso neste ano, um contraste em relação aos milhares de fiéis que participam todos os anos do ato durante a sexta-feira santa, pelas ruas estreitas de pedra.

Israel, que administra a Cidade Velha de Jerusalém desde que a ocupou em 1967, registrou mais de 10 mil casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e mais de 90 mortes. No lado palestino há mais 250 casos identificados oficialmente, e um morto.

Frades franciscanos usam máscaras de proteção enquanto realizam pequena procissão pela Via Dolorosa. Foto: Photo by Emmanuel DUNAND / AFP

Normalmente Jerusalém é o coração das celebrações de Páscoa. No ano passado, mais de 25 mil pessoas de todo o mundo se reuniram ali para celebrar o Domingo de Ramos, segundo Ibrahim Shomali, porta-voz do Patriarcado Latino de Jerusalém.

No domingo passado, atrás das portas de madeira da Igreja do Santo Sepulcro, considerado o templo mais sagrado do cristianismo e com capacidade de acolher até 1.500 pessoas, só havia 15, todos representantes do clero.

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"Mas inclusive nessas circunstâncias difíceis, pode haver algo positivo", relativiza. Atrás das telas de televisão ou computador, 60 mil pessoas acompanharam a missa transmitida ao vivo. Neste domingo, a missa de Páscoa, que foi proibida ao público, voltará a ser transmitida pela televisão e pelas redes sociais. Só seis religiosos estarão presentes na igreja, segundo Shomali.

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