Começa funeral de Estado da rainha Elizabeth II; cerimônia deve ser acompanhada por 2 mil pessoas

Em procissão, caixão da monarca deixou o Palácio de Westminster após cinco dias de um velório aberto ao público que reuniu milhares de pessoas, passou pelo Arco de Wellington e segue para Windsor

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Por Redação
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LONDRES - Onze dias após a morte de Elizabeth II, o funeral de Estado, a última cerimônia antes do sepultamento da monarca que reinou por 70 anos, começou em Londres e deve durar nove horas até o sepultamento da monarca.

Mais de cem presidentes, chefes de governo e membros da realeza de todos os continentes do mundo participam agora da cerimônia de funeral de Estado da rainha.

O caixão deixou a Abadia de Westminster, onde a rainha casou e foi coroada, e seguiu em cortejo até o Arco de Wellington. De lá, o caixão será levado, em carro, para o Castelo de Windsor, acompanhado pela família real.

Procissão com caixão da rainha Elizabeth II chega ao Arco de Wellington Foto: Andrew Testa/The New York Times

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Em Westminster, um sermão dado pelo arcebispo da Cantuária, Justin Welby, exaltou a vida da rainha e a liderança que exerceu durante seus 70 anos como chefe de Estado. “Aqui a rainha Elizabeth casou e aqui foi coroada. Agora nos reunimos, milhares de pessoas de todo o mundo, para lamentar a sua perda”, iniciou o decano de Westminster, que conduziu a cerimônia religiosa.

“Sua majestade declarou celebremente em uma transmissão no seu aniversário de 21 anos que sua vida inteira seria dedicada a servir à nação e à Comunidade Britânica”, disse ele. “Raramente uma promessa foi tão bem cumprida (...). Sua majestade deu exemplo não apenas por sua posição ou sua ambição, mas por aqueles que ela seguia.”

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Membros da família real britânica participam do funeral da rainha Elizabeth II na Abadia de Westminster  Foto: Ben Stansall / AFP

Antes da cerimônia religiosa, a secretária-geral da Comunidade Britânica, Patricia Scotland, foi a primeira a falar. Ela fez uma leitura da primeira epístola de São Paulo aos Coríntios.

Em seguida, a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, fez a segunda leitura do funeral de Estado. Ela leu uma passagem do Evangelho de João que diz respeito à promessa feita por Jesus de que seus seguidores terão um lugar no paraíso: “eu sou o caminho, a verdade e a vida”, diz Cristo, segundo a passagem.

O caixão da rainha Elizabeth II chega à Abadia de Westminster para o funeral de Estado da monarca, em Londres  Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

Em seguida, o coral cantou um hino que havia sido entoado no casamento da então princesa Elizabeth com Philip Mountbatten, em 1947. A música tem base no Salmo 23, que começa com o versículo “o senhor é meu pastor e nada me faltará”.

Após uma procissão de cerca de 10 minutos do Palácio de Westminster - onde um velório público atraiu milhares de pessoas durante cinco dias -, a sede do Parlamento britânico, o caixão da rainha Elizabeth II chegou à Abadia de Westminster, onde cerca de 2 mil pessoas acompanharão seu funeral de Estado. A igreja é a mesma onde a monarca casou, em 1947, e foi coroada cinco anos depois.

“Eu sou a ressurreição e a vida”, cantava o coral, frase bíblica usada em todos os funerais de Estado para reis e rainhas desde o século XVIII.

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Família real

A família real seguiu o caixão durante a procissão de entrada na Abadia de Westminster. À frente estava o rei Charles III, acompanhado da rainha consorte, Camilla. Seus irmãos o seguiam, por ordem de nascimento: a princesa Anne e seu marido, Timothy Lawrence, o príncipe Andrew e o príncipe Edward, com sua mulher Sophie.

Logo atrás vinham o príncipe William e a princesa Kate Middleton, acompanhados de seus dois filhos mais velhos, George e Charlotte, de 9 e 7 anos. As duas crianças são, respectivamente, segundo e terceira na linha de sucessão ao trono. Depois de William vinham o príncipe Harry e Meghan Markle.

O rei Charles III, a princesa Anne, o príncipe William e o príncipe Harry acompanham a procissão que levou o caixão da rainha de até a Abadia de Westminster  Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

O cortejo durou menos de 10 minutos e foi acompanhado por membros da Marinha Real e dos Fuzileiros Navais Reais. A procissão foi liderada por cerca de 200 músicos, incluindo tocadores de flauta e tambor dos regimentos escoceses e irlandeses.

A carruagem que leva Elizabeth II é a mesma que carregou os reis Edward VII, George V e George VI, o pai da monarca. Também foi usado no funeral do ex-premier Wiston Churchill.

Caixão da rainha Elizabeth II é carregado para dentro da abadia de Westminster para o começo do funeral de Estado, em Londres  Foto: Frank Augstein / Reuters

Fim do velório público

O velório público de Elizabeth II terminou após cinco dias de filas gigantescas que chegaram a atingir mais de 8 quilômetros.

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A fila de súditos que espera para entrar no Palácio de Westminster e prestar uma última homenagem foi interrompida diversas vezes, e o tempo de espera estimado chegar a 14 horas.

De acordo com o sistema de monitoramento em tempo real do governo britânico, a estrutura organizada - com mais de 500 banheiros portáteis e cerca de 1 mil funcionários trabalhando na organização - alcançou a “capacidade máxima”. Mesmo após o fechamento para novas entradas, milhares de pessoas que já estavam na fila continuaram esperando pacientemente para ver o caixão da rainha.

“Southwark Park (o fim da fila) atingiu a capacidade máxima. A entrada está suspensa por pelo menos seis horas”, tuitou o governo britânico, pouco depois de anunciar que a espera para chegar ao Palácio de Westminster era de 14 horas.

Apesar da longa espera, os britânicos que aguardam na fila dizem não se arrepender do esforço para se despedir de Elizabeth II. Moradora de Londres, Caroline Quilty disse que chegou à fila por volta das 4 da manhã desta sexta-feira. “Acho que é um momento na história, e se eu não viesse celebrá-lo e vê-lo e fazer parte disso, acho que realmente me arrependeria”, afirmou.

Milhares de britânicos devem esperar por até 14 horas na fila para ver o caixão da rainha Elizabeth II. Foto: Petr David Josek/ AP

Um dos momentos mais esperados da parte pública do velório de Elizabeth II foi vigília dos príncipes, cerimônia solene que reuniu o rei Charles III, a princesa Anne e os príncipes Andrew e Edward. A tradição remonta a 1936, quando os quatro filhos de George V velaram o caixão do pai.

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Charles e seus irmãos já haviam velado o caixão de Elizabeth II em Edimburgo na segunda-feira passada, enquanto os súditos escoceses prestavam homenagem à monarca. Durante 10 minutos, eles permaneceram com as cabeças inclinadas ao lado do caixão de carvalho, vestidos com seus trajes militares, com exceção de Andrew, de quem a própria rainha retirou a honraria no ano passado por seu envolvimento em um escândalo sexual.

Charles III e a rainha consorte Camilla Parker Bowles interagem com súditos em Cardiff. Foto: Frank Augstein/ AFP

Antes da vigília, rei Charles III e a rainha consorte Camilla Parker Bowles viajaram para o País de Gales, último destino do novo rei pelas quatro nações do Reino Unido. Charles III, que passou um período da juventude no país e ocupou o cargo de príncipe de Gales por décadas, é esperado em Cardiff para um momento de oração e reflexão em homenagem a sua falecida mãe.

Incidentes no velório

O anúncio da suspensão da fila foi feito horas após um ataque a facadas que deixou dois policiais feridos em uma área relativamente próxima da fila, no bairro de Soho. O agressor foi detido e a força de segurança, que investiga o incidente, descartou uma motivação terrorista. Os policiais atacados estão fora de perigo, informou o prefeito de Londres, Sadiq Khan.

Enquanto isso, em um desdobramento geopolítico do velório, uma delegação de autoridades chinesas foi impedida de visitar o salão histórico do Parlamento britânico, onde o caixão da falecida estava posto para visitação. O embaixador chinês no Reino Unido foi banido do Parlamento por um ano, depois que Pequim sancionou sete legisladores britânicos no ano passado por se manifestarem contra o tratamento da China à minoria uigur na região de Xinjiang.

O gabinete da presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, se recusou a comentar na sexta-feira uma reportagem do jornal americano Politico sobre a questão envolvendo a delegação chinesa.

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Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que não viu a reportagem do Politico, mas que, como anfitrião do funeral da rainha, o governo do Reino Unido deve “seguir os protocolos diplomáticos e as boas maneiras para receber os convidados”./ AP e AFP

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