Crise na Ucrânia: Em Moscou, Macron diz a Putin que quer evitar guerra e construir confiança

Líder francês, que deve buscar a reeleição em abril, posicionou-se como um potencial mediador na Ucrânia com Paris expressando ceticismo sobre as previsões de ocidentais de que um ataque russo deva acontecer em breve

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Por Redação

MOSCOU - O presidente da França, Emmanuel Macron, o principal líder ocidental a visitar Moscou desde que a Rússia começou a reunir tropas na fronteira com a Ucrânia, disse a Vladimir Putin no início das negociações no Kremlin nesta segunda-feira, 7, que seu objetivo é evitar a guerra e construir confiança.

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Macron, que deve buscar a reeleição em abril, posicionou-se como um potencial mediador na Ucrânia com Paris expressando ceticismo sobre as previsões de Washington, Londres e outras capitais ocidentais de que um ataque russo deva acontecer em breve. 

O líder francês disse ao presidente russo que buscava uma solução útil, uma resposta que, segundo ele, permita evitar a guerra e construir confiança, estabilidade e visibilidade. Putin, por sua vez, disse que a Rússia e a França compartilham uma preocupação sobre "o que está acontecendo na esfera de segurança na Europa".

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin (E), e da França, Emmanuel Macron, se reuniram em uma longa mesa branca em um salão do Kremlin, em 7 de fevereiro Foto: Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP

"Nosso continente está hoje em uma situação muito crítica, o que nos obriga a ser extremamente responsáveis", disse Macron, sentado em uma ponta de uma longa mesa branca em um salão do Kremlin, a vários metros de Putin.

"Vejo quantos esforços a atual liderança da França e o presidente está solicitando pessoalmente para resolver a crise relacionada ao fornecimento de segurança igual na Europa em uma perspectiva histórica séria", disse Putin.

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Macron, cujo país detém a presidência rotativa da União Europeia (UE), é o primeiro líder ocidental de alto nível a se encontrar com o presidente russo desde que as tensões aumentaram em dezembro. Na terça-feira, ele se reunirá com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski.

Na véspera de sua viagem a Moscou, Macron disse ao Journal du Dimanche: "O objetivo geopolítico da Rússia hoje claramente não é a Ucrânia, mas esclarecer as regras de coabitação entre a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a União Europeia".

Em sua chegada, Macron disse a repórteres: "Estou razoavelmente otimista, mas não acredito em milagres espontâneos". O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, disse antes das negociações: "A situação é muito complexa para esperar avanços decisivos no decurso de uma reunião."

Na próxima semana será a vez da visita do chanceler alemão, Olaf Scholz, que se reúne nesta segunda-feira com o presidente americano, Joe Biden, em Washington para buscar a unidade dos países ocidentais, confrontados com o mais importante conflito com a Rússia desde o fim da Guerra Fria.

A Rússia deslocou mais de 100 mil soldados perto da fronteira da Ucrânia. Enquanto nega planejar uma invasão, diz estar pronta para tomar "medidas técnico-militares" não específicas se suas demandas não forem cumpridas, incluindo uma promessa da Otan de nunca admitir a Ucrânia (como Estado-membro) e retirar algumas tropas da Europa Oriental.

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Os ocidentais rejeitam essas exigências e propõem, para acalmar as preocupações russas, gestos de confiança como visitas recíprocas a instalações militares ou medidas de desarmamento. Algumas medidas positivas, mas secundárias, segundo Moscou. 

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dimitro Kuleba, acusou a Rússia nesta segunda-feira de querer "criar uma lacuna entre a Ucrânia e seus parceiros em uma entrevista coletiva ao lado de sua colega alemã, Annalena Baerbock

Um pouco antes, Kuleba disse que Kiev não mudaria suas "linhas vermelhas": "sem concessões em todo o território" e "uma retirada duradoura das forças russas da fronteira ucraniana e dos territórios ocupados".  Macron prometeu que nenhum "compromisso sobre a Ucrânia sem os ucranianos" seria firmado.

Resolução política

A Rússia já invadiu uma parte da Ucrânia em 2014, quando anexou a Península da Crimeia após a revolta pró-Ocidente em Kiev. As sanções internacionais contra Moscou não tiveram efeito na linha do Kremlin.

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Desde 2014, separatistas pró-Rússia, apoiados por Moscou, lutam contra o Exército ucraniano no leste do país. Vários acordos de paz, mediados por Paris e Berlim, permitiram a interrupção dos combates, mas a resolução política do conflito está paralisada. Macron deseja a retomada deste processo. 

O chefe da diplomacia alemã lembrou a Kiev que os países ocidentais imporão fortes sanções econômicas à Rússia se decidir invadir a Ucrânia, embora isso também possa afetar a Alemanha. "Estamos dispostos a pagar um alto preço econômico, porque o que está em jogo é a segurança da Ucrânia", disse. 

Paralelamente ao destacamento diplomático, a Alemanha anunciou um reforço do seu contingente na Lituânia com o envio de 350 militares adicionais e o Reino Unido informou que enviará 350 soldados para a Polônia. 

Os EUA estão liderando o número de tropas na Europa, enquanto a inteligência americana alerta que a Rússia já possui 70% do equipamento necessário para uma invasão em grande escala da Ucrânia. Desta maneira, a Rússia poderia tomar a capital do país vizinho, Kiev, em 48 horas. 

A operação poderia levar à morte de até 50 mil civis, 25 mil soldados ucranianos e 10 mil militares russos, com uma onda de até 5 milhões de refugiados, de acordo com os funcionários da Inteligência americana. /REUTERS e AFP 

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