Crise se agrava e Venezuela obriga supermercados a reduzir preços

214 supermercados de 226 redes foram inspecionados na capital e outros 350 serão fiscalizados nos próximos dias em diversas cidades do país

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Por Redação
Milhares de venezuelanos foram aos supermercados comprar comida mais barata após governo local ter obrigado lojas a baixarem preços. Foto: Miguel Gutierrez

CARACAS - "A comida está impagável", reclama Domingo, em uma longa fila em frente a um supermercado de Caracas, na Venezuela, que está entre os estabelecimentos obrigados pelo governo da Venezuela a reduzir os preços em meio à espiral de hiperinflação.

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Desde a madrugada de sábado, 6, filas extensas, vigiadas por militares, formaram-se em frente a supermercados de Caracas, após fiscalizações da Superintendência para a Defesa dos Direitos Socioeconômicos (Sundee) em mais de 200 estabelecimentos.

"Sabemos que isto é uma catástrofe, mas o que vou fazer? O salário não dá", lamenta o pedreiro Domingo Mata, 45, pai de três filhos, enquanto aguarda para comprar alimentos a preços até um quinto menores.

A fiscalização acontece após protestos pela falta de alimentos e de serviços básicos, como o de água e luz, no fim de 2017. Foto: Miguel Gutierrez/EFE

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O chefe da Sundee, Willian Contreras, informou que 214 supermercados de 26 redes foram inspecionados em Caracas, e que cerca de 350 estabelecimentos independentes serão fiscalizados nos próximos dias na capital e em outras cidades. Um controle de preços de alimentos básicos e um forte controle cambial, com o qual o governo monopoliza o acesso a divisas para importar produtos e matérias-primas, vigoram no país.

A fiscalização acontece após protestos pela falta de alimentos e de serviços básicos, como o de água e luz, no fim de 2017. Empresários apontam os controles como causa da crise sócioeconômica, com uma inflação projetada em mais de 2.300% para 2018 pelo FMI, a mais alta do mundo, e o desabastecimento de alimentos e remédios.

Inflação em 2018 está estimada em 2.300% pelo Fundo Monetário Internacional. Foto: Miguel Gutierrez/EFE

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Segundo a organização patronal Fedecámaras, a indústria funciona a 30% de sua capacidade. O presidente Nicolás Maduro e altos funcionários culpam "uma guerra econômica" do empresariado, que busca gerar descontentamento popular.

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"As grandes redes estavam remarcando preços sem nenhuma justificativa", declarou Contreras ao jornal Últimas Noticias. Yajaira Pereira, 60, saía de um supermercado com bolsas cheias de biscoitos doces e produtos de limpeza. "É uma boa medida", disse à AFP, embora tenha se queixado da falta de carne, farinha de milho e arroz.

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Já Ana García lamentou a fiscalização. "É acabar de destruir tudo. Hoje você leva biscoitos e uma margarina. E amanhã?", questionou. Segundo a presidente do grêmio de comércio e serviços, María Uzcátegui, o resultado da fiscalização será "prateleiras vazias".

Autoridades reportaram operações semelhantes em mercados de outros três estados, bem como em lojas de roupas e sapatos em Zulia (noroeste). / AFP

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