Mikhail Khodorkovsky, um dos maiores críticos do presidente Vladimir Putin, declarou sexta-feira, 11, que os ataques à Ucrânia “reduziram significativamente” chances do líder russo de permanecer no poder por mais um longo período de tempo. Putin está na presidência do país desde 2012, mas já havia ocupado o cargo anteriormente entre 2000 e 2008.
“Estou convencido de que Putin não tem muito tempo. Talvez um ano, talvez três” , disse Khodorkovsky em entrevista à CNN. “Hoje, não estamos mais pensando em ele estar no poder por mais uma década como nós pensávamos uma semana atrás.”
Para Khodorkovsky, a única forma de deter Putin é bloquear os fluxos financeiros do país. “O golpe no sistema financeiro foi enorme, mas, no momento, apenas 70% dos fluxos de caixa foram bloqueados”, disse. O critico defendeu que os outros 30% também devem entrar na restrição e que “não deve haver exceções”.
Nos últimos pacotes de sanções, os Estados Unidos e a União Europeia impuseram restrições a empresários, empresas e funcionários russos próximos a Putin com o objetivo de atingi-lo. Entretanto, pra Khodorkovsky, esses aliados do presidente russo não são um problema. “Esses oligarcas são apenas criados de Putin. Eles não podem influenciá-lo, mas Putin pode influenciá-los. Eles também devem ser bloqueados”, afirmou.
Quem é Mikhail Khodorkovsky?
Khodorkovsky foi CEO da petrolífera russa Yukos, o que o tornou, temporariamente, o homem mais rico da Rússia em 2003, com um patrimônio líquido de US$ 15 bilhões. O empresário estava detido desde outubro de 2003 após ser acusado de fraude e sonegação de impostos. Sua condenação chegou em 2005 com a pena de nove anos de prisão.
Antes de sua detenção, Khodorkovsky tinha se desentendido com Putin após o presidente cortar as asas de ricos “oligarcas” que se tornaram poderosos durante os anos caóticos do governo de Boris Yeltsin após o colapso do comunismo soviético. Assim, apoiadores do empresário diziam que sua prisão foi parte de uma campanha do Kremlin para puni-lo por desafiar Putin politicamente, além de tomar o controle de seus ativos de petróleo e alertar outros magnatas a andar na linha. Com sua prisão, a Yukos foi dividida e vendida, principalmente para as mãos do estado.
Mais tarde, no início de 2013, Khodorkovsky foi perdoado por Putin e libertado. Na época, em um decreto presidencial, o presidente russo disse que a decisão de conceder o indulto ao empresário foi “guiada pelos princípios da humanidade”. Hoje, Khodorkovsky vive exilado em Londres.
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