HAVANA - O governo de Cuba comprará, a partir de quinta-feira, 4, o dólar americano em dinheiro de pessoas físicas a uma taxa de câmbio de 120 pesos por dólar, cinco vezes superior à taxa oficial. Desta forma, o governo cubano busca corrigir a disparidade entre o câmbio oficial, de 24 pesos cubanos por dólar, e os mais de 110 cobrados pela moeda americana no mercado informal.
A medida não será aplicada apenas com a moeda dos Estados Unidos, mas também com outras divisas que serão adquiridas a preços mais elevados do que os oficiais. No caso do euro, a compra será de cerca de 122 pesos por unidade, um câmbio que é cinco vezes a taxa oficial atual de 24,42.
Este é um primeiro passo para que, no futuro, o Estado possa implementar um mercado de câmbio no qual também possa vender moedas estrangeiras, informou o ministro da Economia, Alejandro Gil, em discurso exibido na televisão estatal. Da mesma forma, a ministra presidente do Banco Central de Cuba, Marta Wilson, esclareceu que será aplicada uma “margem comercial de compra” que colocará o câmbio final na janela de 110 pesos por dólar.
Nesse mesmo sentido, explicou que os cubanos que possuem cartões em MLC - moeda virtual lastreada em moeda estrangeira e que pode receber transferências do exterior - também podem realizar essas operações.
Já o ministro da Economia acrescentou que se pretende “recuperar o poder de compra dos salários em pesos cubanos”, atingir uma “taxa de câmbio única” e atacar “o principal problema da economia cubana, que é a falta de moeda estrangeira”.
No momento, serão apenas as instituições financeiras que adquirirão a moeda americana. No futuro, a população também poderá comprar dólares. Gil não esclareceu, no entanto, quando o governo começará a vender moeda estrangeira, mas que isso ocorrerá quando “existirem condições de compra e venda”.
O também vice-primeiro-ministro salientou que não será possível concretizar uma compra e venda de dólares à taxa de 24 para 1 “porque exige uma quantidade de divisas que o país não tem”.
A moeda disparou no mercado paralelo depois que Cuba promulgou uma reforma financeira em janeiro de 2021 que fixou o dólar em 24 pesos e em junho daquele ano suspendeu a venda de dólares à população, por falta de liquidez.
O ministro frisou que esta ação será uma espécie de “incentivo” para que nacionais e estrangeiros vendam sua moeda estrangeira diretamente ao Estado e não no mercado informal, onde até agora encontravam uma oferta muito mais atrativa. “O objetivo estratégico é que operemos a economia em moeda nacional, mas com capacidade real de compra”, acrescentou o ministro.
A compra estará disponível em aeroportos, hotéis, bancos e casas de câmbio estatais. “Há um incentivo para fazer a conversão dessas moedas estrangeiras no mercado informal. Há um nível de moedas que está entrando no país que não está sendo captado pelo sistema bancário nacional”, comentou Gil. /EFE e AFP
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