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Cuba sofre apagão total um dia depois de paralisar estatais por ‘emergência energética’

Governo afirma que trabalha com ‘absoluta prioridade’ para restabelecer energia, mas não estima previsão de retorno; 10 milhões de pessoas estão no escuro

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Por Redação

Um apagão no sistema elétrico atingiu todo o território de Cuba nesta sexta-feira, 18, por conta de uma falha na usina principal do país, informou o Ministério de Energia e Minas. A ilha está em “emergência energética” e havia suspendido já nesta quinta as atividades das empresas estatais prevendo a falta de energia. Cerca de 10 milhões de pessoas, quase a totalidade da população de 11 milhões, estão no escuro.

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O país enfrenta uma crise energética há pelo menos três meses, com várias províncias registrando apagões de até 20 horas nas últimas semanas. Segundo o diretor-geral de eletricidade no Ministério de Energia e Minas, Lázaro Guerra, o sistema elétrico do país colapsou totalmente após a central termoelétrica Antonio Guiteras parar de funcionar. “O sistema colapsou, ou seja, está em zero total”, disse Guerra.

O presidente cubano Miguel Díaz-Canel afirmou que o governo trabalha “com absoluta prioridade” para restabelecer a energia o mais rápido possível, mas não deu previsão sobre quando a energia deve retornar.

Imagem desta sexta-feira, 18, mostra gerador elétrico em Havana, Cuba. País está sem energia após um colapso na rede elétrica Foto: Ramon Espinosa/AP

Díaz-Canel culpa o embargo econômico dos Estados Unidos pela crise, por dificultar a importação do combustível. “O cenário complexo que atravessamos tem sua causa principal no acirramento da guerra econômica e da perseguição financeira e energética dos Estados Unidos, o que dificulta a importação de combustível e outros recursos necessários para essa indústria”, disse o presidente nesta quinta-feira, quando o setor já registrava 50% de déficit na geração de eletricidade.

A energia elétrica em Cuba é gerada por suas oito centrais termelétricas desgastadas, que em alguns casos apresentam avarias ou estão em manutenção, sete centrais flutuantes - que o governo aluga de empresas turcas - e grupos de geradores. A infraestrutura requer principalmente combustível para funcionar.

As autoridades também afirmaram que a infraestrutura deteriorada também sofreu na semana passada com os ventos fortes e mares agitados que começaram com o furacão Milton, que prejudicaram a entrega de combustível para as usinas de energia.

Guerra acrescentou que em “todas as horas do dia” o déficit de energia elétrica seria de mais de 1.000 megavolts e chegará a 1.678 megavolts durante a demanda máxima, estimada em 3.300 megavolts.

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Os cubanos enfrentam há três meses os apagões, que se prolongam e se tornam cada vez mais frequentes, com um déficit em muitos dias de 30% na cobertura nacional. Interrupções no serviço de quatro horas ou mais por dia são registradas até em amplas zonas de Havana, uma província prioritária para as autoridades por ser a mais populosa e a capital do país.

Na região da ‘Plaza de la Revolución’, em Havana, as autoridades suspenderam na quinta-feira “todos os serviços que não são vitais e que geram custos de energia”, com exceção de centros essenciais como hospitais e de produção de alimentos. As aulas também foram suspensas até segunda-feira e locais de entretenimento e lazer permanecerão fechados até a situação normalizar.

Autoridades da empresa elétrica da província de Camagüey, no centro do país, anunciaram medidas severas na quarta-feira. “A Empresa Elétrica de Camagüey trabalha para garantir o serviço por cerca de três horas aproximadamente”, indicou a companhia em uma postagem no X.

De acordo com a imprensa independente local, dezenas de pessoas protestaram no início da semana nas províncias de Sancti Spíritus, centro de Cuba, e Holguín, no nordeste, por causa dos apagões.

No ano passado, a ilha havia se recuperado dos apagões cotidianos com os quais sofreu durante quase todo 2022. Mas a situação voltou a se agravar este ano, gerando a pior crise em três décadas com escassez de alimentos, medicamentos e apagões. /AFP

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