De vendedora de geleias a candidata à presidência do México: conheça a história de Xóchitl Gálvez

Empresária de origens indígenas compete com Claudia Sheinbaum e Jorge Álvarez Máynez para governar o país; eleições acontecem no domingo, 2

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Os mexicanos decidem, no domingo, 2, o futuro do país com as eleições presidenciais. Pela primeira vez na história, uma mulher será eleita e, na disputa pelos quase 100 milhões de votos, está a opositora de direita Xóchitl Gálvez, empresária que tem origens indígenas e, na infância, vendia geleias para aliviar a pobreza.

A candidata de 61 anos carrega uma história de superação. Em um vídeo de campanha, vestindo um huilipe, traje tradicional indígena, ela explicou toda a própria trajetória, incluindo a decisão de sair da cidade-natal em um caminhão rumo à Cidade do México, capital do país, em busca da sorte.

La candidata presidencial de oposición, Xóchitl Gálvez, habla en su mitin de cierre de campaña en Los Reyes la Paz, en el Estado de México, el miércoles 29 de mayo de 2024. (AP Foto/Fernando Llano) Foto: Fernando Llano/AP

Infância pobre em Tepatepec

PUBLICIDADE

Filha de pai otomi (povo indígena na zona central do México) e mãe mestiça, ela é nascida em Tepatepec, comunidade rural do estado de Hidalgo. A candidata conta que, por ter um pai alcoólatra, a infância foi marcada pela violência doméstica, fato confirmado pelos familiares da candidata.

Norma Angélica Ruiz, prima de Xóchitl e dentista de 68 anos, disse que a família não tinha boas condições financeiras, o que fez com que os Gálvez Ruiz fossem morar na casa dos avós.

Publicidade

Para desmentir comerciantes locais que duvidam da pobreza da candidata, a prima mostra as provas da precariedade da família: “Como não havia refrigerador, as famosas geleias eram penduradas em cestas nesta viga”.

ARCHIVO - Un dibujo al carbón de la candidata presidencial opositora, Xóchitl Gálvez, y otros obsequios del electorado, decoran el dormitorio que compartía en la infancia con sus hermanas, en Tepatepec, México, el 10 de mayo de 2024. (AP Foto/Fernando Llano, Archivo) Foto: Fernando Llano/AP

Segundo Norma, Xóchitl Gálvez era uma menina estudiosa e pouco brincalhona. Ainda na adolescência, a candidata aprendeu a cozinhar e ensinava às mulheres de comunidades carentes.

No período, a cidade de Tepatepec tinha apenas escolas de ensino fundamental, o que obrigava a “Guereja”, apelido que recebeu por ter a pele clara, a percorrer longas distâncias para estudar.

Quando tinha 17 anos, nos anos 1980, Xóchitl foi morar sozinha na Cidade do México para estudar na Universidade Nacional Autónoma de México (UNAM). Segundo a prima Norma, a candidata queria ser engenheira de computação no período em que o setor estava iniciando. Foi na UNAM, inclusive, que ela conheceu Rubén Sánchez, com quem teve dois filhos, Diana e Juan Pablo.

Publicidade

Apoiadores de Xóchitl Gálvez, no entanto, reconhecem que a candidata possui uma baixa popularidade no local onde nasceu. A cidade recebe mais propaganda eleitoral de Claudia Sheinbaum, a rival de esquerda. “Se tiver sucesso nesta cidade, será estranho”, explica a prima.

Vida política

Com equipamentos emprestados, Xóchitl Gálvez fundou uma empresa que equipava edifícios inteligentes com contratos governamentais, o que fez com que ela recebesse acusações de corrupção.

Em 2000, sem militância partidária, a atual candidata foi chamada pelo presidente Vicente Fox para coordenar a atenção aos povos indígenas. Em 2018, se tornou senadora e se posicionou como candidata à Prefeitura da Cidade do México. No ano passado, decidiu buscar algo “maior” quando exigiu direito de resposta aos ataques do presidente Andrés Manuel López Obrador.

Xóchitl Gálvez tem o apoio de uma coalização formada por partidos tradicionais do México, como o Partido de Ação Nacional (PAN), o Partido Revolucionário Institucional (PRI) — que governou o país por sete décadas até 2000 — e o Partido da Revolução Democrática (PRD).

Publicidade

Rivalidade contra Claudia Sheinbaum

PUBLICIDADE

Durante a campanha eleitoral, Xóchitl Gálvez fez ataques acirrados contra a maior rival, Claudia Sheinbaum, que é apoiada pelo atual presidente, Andrés Manuel López Obrador. Gálvez chamou Sheinbaum de “dama de gelo” e “narcocandidata”, o que atraiu os holofotes nos debates presidenciais.

“Enquanto você, aos dez anos dançava balé, eu tinha que trabalhar”, disse ela a Sheinbaum, física de 61 anos de origem judaica que vem de uma família de cientistas.

Apesar dos ataques, os resultados das pesquisas ainda colocaram Sheinbaum à frente, com 20 pontos percentuais de vantagem. Os analistas acreditam que o que pode justificar a situação é que Xóchitl Gálvez cometeu erros públicos, como o de aplaudir o triunfo de Javier Milei na Argentina e depois justificar que não pertence à “extrema direita”.

Ela também insinuou que os mexicanos que vivem nos Estados Unidos só lavam banheiros, em uma tentativa de responder às ameaças do candidato republicano Donald Trump de expulsar os imigrantes do país. / AFP

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.