Rússia mobiliza forças nucleares e acusa EUA de jogar ‘gasolina no fogo’ por envio de armas a Kiev

Moscou criticou anúncio de Joe Biden sobre envio de sistema de foguetes e munições modernas para a Ucrânia e mencionou a possibilidade de um 3° país entrar na guerra

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Por Redação
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A Rússia criticou duramente nesta quarta-feira, 1°, a decisão dos EUA de fornecer sistemas avançados de foguetes e munições para a Ucrânia, afirmando que Washington está “jogando gasolina no fogo” e alertando para o risco de um conflito direto entre as duas superpotências.

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“Acreditamos que os EUA estão deliberadamente jogando gasolina no fogo. Os EUA estão obviamente mantendo a linha de que lutarão contra a Rússia até o último ucraniano”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Em viagem oficial à Arábia Saudita, o chanceler Serguei Lavrov disse que o envio dos mísseis “aumentam o risco” de um terceiro país ser “puxado para o conflito”.

O presidente americano, Joe Biden, anunciou na terça-feira, 31, em um artigo publicano no site do The New York Times, que fornecerá sistemas modernos de armamento para que a Ucrânia “possa lutar no campo de batalha e estar na posição mais forte possível na mesa de negociações”.

Pouco depois, o Ministério da Defesa russo anunciou que forças nucleares estariam realizando exercícios na província de Ivanovo, a nordeste de Moscou, segundo relato da agência Interfax, que não mencionou o envio de foguetes americanos à Kiev. Também sem mencionar diretamente a decisão americana, um alto oficial das forças armadas russas afirmou nesta quarta que os testes com o míssil hipersônico Zircon foram concluídos, e que o armamento deve ser equipado em uma nova fragata da frota russa até o fim do ano.

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Artilharia americana testa foguetes HIMARS durante exercício militar no Marrocos, em 2021. Foto: Fadel Senna/ AFP

Os sistemas de foguetes e munições estariam incluídos em um pacote de ajuda militar de US$ 700 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões) que deve ser divulgado nesta quarta-feira. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que a Ucrânia deu garantias de que não usará os mísseis HIMARS (abreviação de High Mobility Artillery Rocket System) contra alvos em território russo.

Também nesta quarta-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Riabkov, disse à agência de notícias estatal RIA Novosti que Moscou vê a ajuda militar dos EUA à Ucrânia “extremamente negativa”.

Quando questionado sobre a perspectiva de um confronto direto entre os EUA e a Rússia, o vice-chanceler disse: “Quaisquer remessas de armas que continuem (a chegar à Ucrânia), que estejam em ascensão, aumentam os riscos de tal desenvolvimento”.

Riabkov também culpou Washington pela escalada das hostilidades na Ucrânia, dizendo: “Os EUA não fazem nada no interesse de encontrar algum tipo de solução. Foi exatamente o mesmo por muitos anos antes do início da operação militar especial”.

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O presidente Vladimir Putin lançou o que a Rússia chama de “operação especial” em 24 de fevereiro para desarmar e “desnazificar” a Ucrânia. A Ucrânia e seus aliados ocidentais chamam isso de pretexto infundado para uma guerra de agressão não provocada.

Europa aprova novo pacote de ajuda militar à Ucrânia

Seguindo a decisão americana e atendendo aos repetidos pedidos das autoridades ucranianas por mais armamentos, países europeus começam a se mobilizar para enviar novos carregamentos de material bélico para Kiev.

O chanceler alemão Olaf Scholz anunciou envio de sistema de defesa antiaéreo para a Ucrânia.  Foto: Filip Singer/ EFE

Nesta quarta, o chanceler alemão Olaf Scholz afirmou que fornecerá à Ucrânia mísseis antiaéreos IRIS-T SLM e sistemas de radar. Aos legisladores alemães, Scholz afirmou que enviará o sistema de defesa aérea “mais moderno que a Alemanha possui”.

“Com isso, permitiremos que a Ucrânia defenda uma cidade inteira dos ataques aéreos russos”, disse o chanceler.

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As armas ocidentais têm sido fundamentais para o sucesso da Ucrânia em frustrar as forças armadas muito maiores e mais bem equipadas da Rússia. A resistência de Kiev até o momento impediu a tomada da capital pelos soldados russos, forçando Moscou a mudar o foco para a região de Donbas./ REUTERS e AP

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