Um decreto introduzido pela Capitania dos Portos de Nápoles, na Itália, que proíbe que iates com mais de 75 metros sejam atracados no porto de Mergellina, em Nápoles, tem repercutido de forma negativa na região, de acordo com a imprensa italiana. Isso porque, bilionários dão “de cara com a porta” ao chegar no porto com seus superiates de luxo. E não há dinheiro que possa comprar uma vaga em Mergellina: na sexta-feira, 23, o francês Bernard Arnault, o homem mais rico do mundo, teve que rumar para outros portos, depois de não ter sido autorizado a atracar no local.
Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, o Simphony, iate de 101 metros de comprimento que pertence a Arnault e estimado em US$ 150 milhões (cerca de R$ 715 milhões), permaneceu ancorado durante toda a sexta-feira na Via Caracciolo, a uma curta distância do porto. A proibição de atracar no local aparentemente pegou de surpresa o patrono da LVMH, que já havia atracado em outros episódios anteriormente.
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Quem também desistiu de Nápoles depois da publicação do decreto foi o bilionário Barry Diller, responsável pela criação da Fox Broadcasting, de acordo com relatos da imprensa local. Ele, que é dono da Eos, uma escuna de três mastros com 93 metros de comprimento, também precisou buscar outro porto, por não se encaixar nos limites impostos pelo recente regulamento.
A Capitania dos Portos de Nápoles, entretanto, nega que recebeu qualquer pedido de atracação de Arnaults e reforça que a medida visa a segurança. “Difícil pensar que proprietários de grandes unidades se sintam atraídos pela precariedade da amarração e suas condições com o risco de serem vítimas de colisões ou a causa involuntária de outros acidentes, não é isso que os grandes nomes e certamente o povo comum estão procurando”, escreveu o órgão oficial em comunicado, repercutido por veículos como Internapoli.it e Napoli Today.
Tendo sido verdade ou não o pedido feito pelo bilionário, o decreto não tem sido bem encarado na região especialmente pelas possíveis perdas financeiras, já que é uma pedra no caminho para o turismo de luxo em Nápoles, conforme declarou Massimo Luise, um dos administradores do cais Mergellina, ao Corriere della Sera. “A partir deste ano, a impossibilidade de acolher uma categoria de barcos de enorme prestígio resultará na perda de cifras importantes para o nosso território em termos econômicos: de 50 a 100 mil euros por dia apenas para indústrias afins. Dezenas e dezenas de milhões em uma temporada.”
Os barcos que não param em Nápoles acabam navegando em direção à Malta, Espanha, ou França. “É uma pena que Nápoles, que é uma cidade especial cheia de cultura e tradição e com um aeroporto de referência, já não possa receber hóspedes do calibre de Leonardo DiCaprio, Johnny Depp, Jeff Bezos e Jennifer Lopez que aqui passaram”, disse Luise, que ainda acrescentou: “o turismo é o nosso petróleo”.
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