Defesa de Assange é autorizada a apresentar recurso contra a extradição do ativista para os EUA

Apoiadores do jornalista, criador do site Wikileaks, que acompanhavam a sessão do lado de fora do Tribunal de Londres receberam a notícia com gritos de “Assange livre”

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Foto do author Assíria Florêncio
Atualização:

O Tribunal de Londres autorizou a defesa do ativista australiano Julian Assange, fundador do site Wikileaks, a apresentar recurso contra sua extradição para os Estados Unidos; a permissão foi concedida após audiência realizada nesta segunda-feira, 20. Assange é acusado de 18 crimes nos EUA, sendo 17 relacionados a espionagem e um quanto ao uso indevido de computador para a publicação de uma série de documentos confidenciais sobre o exército americano.

Na audiência, estiveram presentes representantes do ativista e do governo dos Estados Unidos. Assange não teria comparecido por motivos de saúde, conforme relatou seu advogado, Edward Fitzgerald. Segundo ele, caso o jornalista seja deportado poderá ser condenado a até 175 anos de prisão.

Apoiadores de Assange com cartazes de protesto em frente à Suprema Corte de Londres. Foto: Kin Cheung/AP - 20/05/2024

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A permissão foi dada após a defesa de Assange argumentar que, caso ele fosse julgado nos Estados Unidos, não poderia confiar no direito à liberdade de expressão nem teria garantias de que não enfrentaria a pena de morte.

Após a alegação, em março, o tribunal britânico concedeu uma permissão provisória para que sua defesa pudesse recorrer. Na mesma época, o governo norte-americano foi convidado a apresentar as garantias de que Assange teria o direito resguardado.

Após o julgamento desta segunda, o tribunal afirmou que o argumento de Assange de que ele poderia não ser capaz de confiar no direito à liberdade de expressão da Primeira Emenda dos EUA merecia recurso. A decisão foi recebida com entusiasmo pelos apoiadores do ativista, que se aglomeravam do lado de fora do tribunal com cartazes e gritos pedindo por liberdade.

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Manifestante segura jornal com a face de Assange em frente à Suprema Corte de Londres.  Foto: Kin Cheung/AP - 20/05/2024

Stella Assange, esposa do ativista, afirmou, em entrevista à agência Reuters, que espera que com o novo parecer, que o Departamento de Justiça dos EUA abandone o caso. Segundo Stella, “não sabemos quanto tempo isso vai durar e isso tem feito ele pagar um alto preço”.

O Departamento de Justiça americano, por sua vez, se recusou a comentar a questão judicial em andamento. Em abril, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que estava analisando um pedido do governo australiano para que abandonassem o caso, atitude vista pela defesa de Assange como um marco significativo na história do caso, que já dura 12 anos.

Desde 2019, o jornalista está detido no presídio de segurança máxima de Belmarsh, na Inglaterra, após ter se refugiado na Embaixada do Equador em Londres durante sete anos. Assange é procurado nos Estados Unidos após a publicação, entre 2010 e 2011, de milhares de documentos confidenciais do exército americano sobre irregularidades nas Guerras do Afeganistão e do Iraque.

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