Democrata vence na Geórgia, amplia maioria no Senado e aumenta crise do trumpismo

Raphael Warnock derrotou o adversário republicano Herschel Walker, apoiado por Donald Trump, e se reelegeu para mais seis anos de mandato

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Por Redação
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ATLANTA, EUA - O reverendo Raphael Warnock, do Partido Democrata, derrotou seu adversário republicano, Herschel Walker, na disputa pelo Senado na Geórgia. O resultado do segundo turno da eleição nesta terça-feira, 6, garantiu a maioria democrata de 51 cadeiras no Senado dos Estados Unidos. Com essa maioria, os democratas deixam de depender do voto de minerva da vice-presidente Kamala Harris em eventuais votações na Casa e aumentam a crise no trumpismo.

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Warnock, que é senador, conseguiu a reeleição ao derrotar o ex-astro do futebol americano Herschel Walker, um republicano escolhido e apoiado pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump. A Geórgia é o único Estado que tem um segundo turno na eleição legislativa, caso os candidatos ao Senado não alcancem 50% dos votos na primeira rodada —que ocorreu em 8 de novembro.

A eleição opôs dois candidatos negros e foi acirrada desde o começo com os dois com margens mínimas de diferença. Com 97% dos votos computados, o democrata aparece com 50,6% e as proejções indicam que Walker não pode mais virar.

A vitória de Warnock encerrou uma maratona de eleições de meio de mandato em que os democratas superaram o desafio da baixa popularidade de Joe Biden e da histórica perda de assentos na Câmara que normalmente ocorre com o partido que ocupa a Casa Branca. O partido também superou as expectativas e derrotou boa parte dos candidatos apoiados pelo ex-presidente Donald Trump, limitando a influência trumpista dentro do Partido Republicano.

O senador norte-americano Raphael Warnock (D-GA) comemora ao lado de sua mãe, Verlene Warnock, e sua filha Chloe, após garantir a vitória na disputa contra o republicano Herschel Walker, na Geórgia  Foto: Carlos Barria/Reuters

Ao longo de uma das corridas ao Senado mais acirradas da história americana, Warnock pediu aos eleitores da Geórgia que superassem a divisão política provocada por Donald Trump, do Partido Republicano.

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A derrota de Walker é mais uma na lista dos candidatos apoiados por Trump, que perderam em alguns dos principais Estados americanos, como Nevada, Arizona e New Hampshire. Os candidatos a governador de Trump no Arizona, Michigan e Geórgia também perderam nas primárias e nas eleições gerais do mês passado.

Na eleição geral de novembro, o democrata terminou à frente de Walker por cerca de 37 mil votos. Nenhum dos candidatos ultrapassou o limite de 50% necessário para vencer, levando a disputa ao segundo turno.

Sob a lei eleitoral da Geórgia, o período de segundo turno foi reduzido de nove para quatro semanas, dando a ambas as campanhas pouco tempo para se reagrupar, ajustar suas estratégias e mobilizar os eleitores para voltar às urnas.

Vitória essencial para os democratas

O Partido Democrata agora terá 51 assentos, do total de 100, do Senado a partir de 3 de janeiro —um a mais do que a legenda tem hoje, considerando dois nomes independentes que sempre votam com a sigla, e o voto da vice-presidente Kamala Harris, que é senadora.

Até aqui, o partido tinha uma maioria mínima para aprovar projetos. Com isso, qualquer dissidência na base impede o avanço de propostas do governo.

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Com a vitória de Warnock, Biden poderá garantir a aprovação das suas propostas, e confirmar nomeações a cargos no Judiciário e na diplomacia, que passam pela aprovação da Casa.

No caminho para disputar a reeleição para o cargo, a maioria no Senado se tornou ainda mais essencial agora que Biden perdeu o controle da Câmara, onde republicanos prometem impedir o avanço das pautas do democrata.

Quem é Raphael Warnock

Warnock é pastor na Igreja Batista Ebenézer, a mesma em que pregou Martin Luther King Jr., líder da luta pelos direitos civis da população negra em Atlanta. Ele chegou ao Senado em 2020, em uma eleição especial para substituir um parlamentar republicano que decidiu se aposentar.

Warnock foi o primeiro negro da Geórgia a ser eleito para o Senado quando venceu o segundo turno de 2021. Agora, com a reeleição seguirá integrando o pequeno grupo de 11 negros que serviram ao Senado.

Dos 100 senadores atuais, apenas três são negros: Warnock, Cory Booker, democrata de Nova Jersey, e Tim Scott, republicano da Carolina do Sul. /NYT, EFE e AP

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