Demora da polícia para deter atirador do Texas vira alvo de investigação

Governador promete apuração sobre ação policial; agentes esperaram mais de uma hora para invadir o colégio

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Por Redação
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UVALDE, TEXAS - A demora da polícia em agir para conter o atirador que matou 22 pessoas, 19 crianças e duas professoras, em uma escola primária em Uvalde, no Texas, na terça-feira, se tornou o centro das investigações sobre o caso.

O governador do Texas, Gregory Abbott, que em uma entrevista no início da semana havia elogiado a corporação “por salvar vidas”, disse, neste sábado, 28, que foi “enganado” com as primeiras informações sobre a ação policial. Ele prometeu uma apuração sobre “exatamente quem sabe o quê, quando e quem estava no comando” da operação.

Parentes de crianças mortas em massacre em escola de Uvalde choram em frente a cruzes colocadas em frente ao colégio; resposta da polícia pode ter sido ruim  Foto: Meridith Kohut/The New York Times

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Na sexta-feira, autoridades de segurança admitiram que os agentes demoraram 78 minutos para entrar no colégio. “Foi uma decisão errada”, disse Steven McCraw, diretor do Departamento de Segurança Pública do Texas. Acusações criminais contra policiais em ações como a da escola texana são raras – uma exceção ocorreu com um ex-policial acusado de se esconder durante o tiroteio de 2018, na Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland, Flórida, que deixou 17 pessoas mortas.

No entanto, há punições administrativas que podem ser aplicadas pelo departamento e variam de suspensão, demissão ou aposentadoria dos agentes. Essa não é, porém, a maior preocupação das autoridades do Texas. “Nesses casos, acho que o tribunal da opinião pública é muito pior do que qualquer tribunal de Justiça ou julgamento administrativo do Departamento de Polícia”, disse Joe Giacalone, sargento aposentado da polícia de Nova York.

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Polícia protege casa de responsável por operação

Dois policiais de Levelland, a quase 650 quilômetros ao norte de Uvalde, protegem a casa de Pete Arredondo, o chefe de polícia das escolas de Uvalde, apontado como responsável pelos erros na operação. Ele não falou com a imprensa.

Desde terça-feira, quando houve o massacre, as autoridades têm sido criticadas pela resposta ao atentado. Relatos de que muitos pais estavam do lado de fora da escola e pediam a todo momento que houvesse uma ação mais contundente dos agentes começaram a surgir, colocando em xeque a estratégia da operação. “Eles poderiam tê-la salvado”, disse Joe Rodriguez, de 64 anos, antes de deixar flores em uma cruz de madeira erguida para sua neta, Tess Mata, de 10 anos, na frente da escola.

Acuada, a Associação Nacional de Rifles (NRA) começou seu segundo dia de convenção anual, em Houston, também no Texas, neste sábado, 28, afirmando que vai discutir planos para “a luta eleitoral de meio de mandato para proteger nossos direitos” – a entidade passou a ser pressionada para ceder a pedidos de regulamentação de venda de armas após o massacre.

A empresa que produz o rifle usado por Salvador Ramos, atirador de 18 anos que foi morto pela polícia, também passou a ser alvo de questionamentos. Em seus anúncios, a Daniel Defense invoca jogos de videogame como “Call of Duty” e apresentam personagens de Star Wars, em mensagens que podem atrair adolescentes. l AP, NYT e WP

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