Departamento de Justiça dos EUA nomeia promotor especial para investigar filho de Biden

Republicanos reclamam de suposta politização do longo processo que envolve o filho do presidente; anúncio pode ter objetivo de rebater críticas e indica nova fase do inquérito

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Por Redação

O chefe do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, elevou o promotor que investiga Hunter Biden, filho do presidente, ao status de conselheiro especial. O anúncio surpresa, que aumenta a autoridade do investigador, indica que o inquérito entrou em nova fase e pode ser destinado a rebater críticas dos rivais de Joe Biden que reclamam de uma suposta politização do caso.

A investigação é conduzida por David Weiss, promotor de Delaware, o estado onde Biden fez carreira política e morava até se mudar para Casa Branca, em Washington. Weiss assumiu o cargo indicado pelo então presidente Donald Trump e agora deve acumular as funções de promotor no estado e conselheiro especial no caso Hunter Biden.

Arquivo: promotor David Weiss fala com a imprensa em Delaware, 03 de maio de 2018. Nesta sexta-feira, ele ganhou status de conselheiro especial na investigação de Hunter Biden, filho do presidente dos EUA. Foto: Suchat Pederson/The News Journal via AP

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A mudança de status foi um pedido do próprio David Weiss atendido pelo chefe do Departamento de Justiça em razão das “circunstâncias extraordinárias” do caso. “Weiss me avisou que, na sua avaliação, a investigação atingiu um estágio no qual ele deveria continuar o trabalho como conselheiro especial”, relatou Garland.

Como conselheiro especial, o promotor terá mais autoridade para conduzir as investigações. Logo depois do anúncio, os promotores apresentaram documentos judiciais que indicam um impasse com a defesa envolvendo uma proposta de acordo e deixaram clara a expectativa de que o caso seja levado ao tribunal.

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O julgamento, se acontecer mesmo, deve tumultuar ainda mais a corrida presidencial e virar um problema para Joe Biden, que está em busca da reeleição. Mesmo sem evidências que liguem o presidente aos problemas do filho, o caso Hunter tem sido usado com frequência pelos republicanos para criticar o democrata.

Presidente dos EUA, Joe Biden, e o filho Hunter desembarcam em Nova York, 04 de fevereiro de 2023. Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

Na semana passada, aliados de Donald Trump acusaram o governo de usar o Departamento de Justiça para desviar o foco dos novos desdobramentos na investigação de Hunter Biden depois que o ex-presidente foi indiciado pela terceira vez. O líder republicano tem alegado que seria vítima de uma perseguição política e costuma falar em “criminosa família Biden” para se referir ao rival.

A insistência de Trump de usar Hunter para causar prejuízos à imagem de Joe Biden não vem de hoje. Enquanto estava na Casa Branca, o republicano foi acusado de pressionar a Ucrânia para investigar a atuação do filho de Biden na Burisma, empresa de energia do país. Esse foi inclusive o motivo do primeiro processo de impeachment contra Donald Trump, que na época foi considerado culpado por abuso de poder pela Câmara e inocentado pelo Senado.

O então presidente também pressionou o Departamento de Justiça por uma investigação. O que, de fato, aconteceu. O processo, que atravessou os governos Trump e Biden, foca em um período particularmente delicado, quando Hunter era viciado em álcool e drogas. A primeira acusação afirma que o filho do presidente teria sonegado impostos em 2017 e 2018. A segunda aponta que ele teria mentido em um formulário do governo ao negar o uso de drogas para registrar uma arma.

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Joe Biden reconhece o problema, mas sempre saiu em defesa de Hunter. “Meu filho, como muitas pessoas que conhecemos em casa, tinha problemas com drogas. Ele o ultrapassou. Ele consertou. Ele trabalhou nisso e estou orgulhoso dele “, disse ele durante um debate na eleição de 2020. Como presidente, no entanto, ele evita comentar as investigações e tenta se manter distante do caso. Uma estratégia que tende a ficar cada vez mais difícil.

Em junho, Hunter Biden chegou a fazer um acordo com o Departamento e Justiça: se declarar culpado nos casos de sonegação para evitar o processo relacionado ao porte de armas. Com isso, a ele escaparia do risco de ser preso. A negociação foi desfeita de última hora no tribunal, depois que a juíza Maryellen Noreika, nomeada por Trump, questionou a legalidade do acordo./ The New York Times e W. Post

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