A procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, afirmou nesta quinta-feira, 27, que era improvável que fosse aberta investigação pelo Departamento de Justiça sobre o “Signalgate”, o chat em que funcionários do governo do presidente Donald Trump discutiram planos de ataque detalhados aos houthis no Iêmen.
Em uma coletiva de imprensa na Virgínia, Bondi repetiu os argumentos do governo Trump de que as informações altamente sensíveis no chat não eram classificadas, embora funcionários atuais e ex-funcionários dos EUA tenham afirmado que a publicação dos horários exatos de lançamento de aeronaves e dos momentos em que bombas seriam lançadas, antes mesmo de os pilotos estarem no ar, deveria ser considerada informação classificada.

“O que deveríamos estar falando é que foi uma missão muito bem-sucedida”, ela disse, antes de rapidamente acusar os democratas de administrações anteriores de lidar mal com informações confidenciais.
“Se você quer falar sobre informações confidenciais, fale sobre o que estava na casa de Hillary Clinton”, ela disse. “Fale sobre os documentos confidenciais na garagem de Joe Biden, aos quais Hunter Biden teve acesso.”
O Departamento de Justiça abriu investigações sobre Hillary Clinton e Biden nesses casos, mas nenhum deles enfrentou acusações criminais.
O “Signalgate” veio à tona nesta semana, quando o editor-chefe da revista americana The Atlantic, Jeffrey Goldberg, revelou que foi adicionado por engano em um chat virtual no qual membros do governo Trump, como o secretário de Defesa, Pete Hegseth, o assessor Segurança Nacional dos Estados Unidos, Michael Waltz, e o vice-presidente, J.D. Vance, discutiram ataques contra os houthis no Iêmen.
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Mais cedo nesta quinta-feira, dois senadores americanos, um democrata e um republicano, pediram uma investigação sobre o caso. A oposição democrata alega que isso poderia ter colocado em perigo a vida de soldados americanos e pede a renúncia do chefe do Pentágono por ter compartilhado detalhes de um ataque planejado no Iêmen.
O FBI, juntamente com o Departamento de Justiça, ainda pode investigar o assunto, mas agentes e promotores normalmente não dão continuidade aos casos se as informações não forem confidenciais.
De acordo com a Lei de Espionagem, é possível que pessoas sejam acusadas de crimes por manuseio indevido de informações de defesa nacional que não são confidenciais, mas tais processos são muito raros./NYT e AP.