O Secretário de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, nomeou um procurador especial para supervisionar a investigação contra o ex-presidente Donald Trump que apura o possível uso indevido de documentos secretos e a invasão ao Capitólio, no dia 6 de janeiro de 2021. O nomeado é Jack Smith, um promotor federal veterano que nos últimos anos trabalhou no Tribunal Penal Internacional, em Haia.
A nomeação foi anunciada por Garland nesta sexta-feira, 18, três dias após Trump anunciar a candidatura à presidência em 2024. Segundo fontes próximas, antes do anúncio de Trump, o Departamento de Justiça discutiu a possibilidade de nomear um procurador especial caso ele se declarasse candidato. O procurador agora assume as investigações que o envolvem.
Na história americana, muitos políticos foram investigados sem um procurador especial enquanto eram candidatos nas eleições. Foi o caso, por exemplo, de Hillary Clinton, adversária democrata de Trump em 2016 e investigada pelo FBI por causa do uso de um servidor de e-mail privado para assuntos governamentais. A investigação foi aberta em meados de 2015 e continuou quando Hillary disputava as primárias democratas. Pouco antes de ser nomeada candidata oficial do partido, a investigação foi arquivada e depois reaberta a menos de duas semanas antes do dia da eleição.
Apesar do precedente, especialistas legais sugeriram ao Departamento de Justiça que um procurador especial assumisse a investigação devido à gravidade do tema. O inquérito se acelerou nos últimos meses, à medida que os investigadores colheram depoimentos de testemunhas-chave e conseguiram materiais de vídeos e outros, que podem servir como prova contra Trump.
Segundo as regras do Departamento de Justiça, o secretário nomeia um procurador especial caso uma investigação criminal atenda diversos critérios, como haver conflito de interesses para o Departamento de Justiça. O procurador especial, no entanto, ainda se reporta ao secretário, que tem a autoridade máxima sobre o que fazer com o inquérito.
Quem é Jack Smith
A carreira de Smith como promotor começou em Manhattan no início da década de 1990, onde ganhou a reputação de funcionário dedicado. Após quase uma década como promotor federal no Brooklyn, deixou o cargo em 2008 para atuar no Tribunal Penal Internacional, em Haia, como promotor de crimes de guerra.
Depois, voltou ao Departamento de Justiça na Seção de Integridade Pública e regressou a Haia para investigar os crimes da guerra no Kosovo.
Embora a nomeação do procurador especial seja imediata, Smith não estava no anúncio de sexta-feira por estar em recuperação de uma cirurgia no joelho, após um acidente de bicicleta. /WASHINGTON POST
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