Depois de Aleppo, rebeldes sírios tomam a cidade de Hama

Exército sírio reconheceu que havia perdido o controle da cidade, que está situada no eixo que leva a Homs, no centro, e à capital, Damasco, que são hoje as duas únicas grandes cidades nas mãos de Assad

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Por Redação

Rebeldes sírios entraram, nesta quinta-feira, 5, na cidade estratégica de Hama, no centro da Síria, após confrontos com o exército do presidente Bashar al Assad, que reconheceu sua derrota.

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Hama está situada no eixo que leva a Homs, no centro, e à capital, Damasco, que são hoje as duas únicas grandes cidades nas mãos de Assad, cada vez mais enfraquecido pela ofensiva relâmpago dos insurgentes lançada do norte. 

Em uma semana, os rebeldes liderados pelos radicais islamistas do Hayat Tahrir al Sham (HTS) tomaram a maior parte de Aleppo, a segunda cidade do país, e continuaram seu avanço em direção a Hama, mais ao sul. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), mais de 800 pessoas morreram, entre combatentes e civis.

Ao entrarem em Hama, alguns rebeldes atiraram para o alto, enquanto outros se ajoelharam para rezar, segundo imagens da AFP. Muitos moradores aplaudiram a chegada deles.

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Em Homs, parte da população começou a fugir para Damasco ou para o litoral mediterrâneo, diante da possível tomada da cidade pelos rebeldes, relataram alguns residentes à AFP. “Tememos que se vinguem de nós. Não temos para onde ir se estourarem combates em Homs. Lutaremos até a morte”, declarou Abas, um funcionário público de 33 anos.

Foto tirada da cidade de Khan Shaykhun mostra fumaça subindo em Hama, com os confrontos entre os rebeldes sírios e as forças governamentais.  Foto: Bakr Alkasem/AFP.

“Nossas forças entraram na prisão central de Hama e libertaram centenas de prisioneiros detidos injustamente”, anunciou Hasan Abdel Ghani, líder militar da coligação rebelde, em um canal do Telegram. 

O chefe do HTS, Abu Mohammad al-Jolani, prometeu em uma mensagem em vídeo que não haveria nenhuma “vingança” em Hama. Ele disse que seus combatentes entraram na cidade “para fechar a ferida aberta há 40 anos”.

Hama, a quarta maior cidade da Síria, foi cenário, em 1982, de um massacre executado pelo exército comandado pelo pai do presidente Bashar al-Assad, que reprimiu uma insurreição da Irmandade Muçulmana. 

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O Exército sírio reconheceu, em um comunicado, que havia perdido o controle de Hama e que suas forças foram “redistribuídas fora da cidade”. Segundo o OSDH, “mais de 200 veículos militares” do Exército deixaram Hama em direção a Homs, e as forças governamentais também se retiraram de outras duas cidades da região, incluindo uma localizada na estrada que liga Hama a Homs.

Sírios desabrigados deixam a cidade de Hama em direção a Khan Shaykhun após rebeldes sírios tomarem a cidade.  Foto: Bakr ALKASEM / AFP

A agência oficial síria, Sana, informou que a defesa antiaérea derrubou dois drones “inimigos” em Damasco, sem fornecer mais detalhes.

Os confrontos travados desde o início da ofensiva rebelde são os primeiros desta magnitude desde 2020 na Síria, onde uma guerra civil devastadora eclodiu em 2011, deixando meio milhão de mortos. O país está dividido em várias zonas de influência, onde as partes em conflito contam com o apoio de diversas potências estrangeiras. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, exigiu o fim da “massacre” na Síria, atribuindo-a a um “fracasso coletivo crônico” em alcançar uma solução política para o conflito./AFP.

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