George Santos, deputado brasileiro nos EUA, se diz inocente e deixa prisão após pagar fiança

Segundo o Departamento de Justiça americano, Santos se apresentou para a audiência em um tribunal de NY e foi colocado ‘sob custódia federal’

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O deputado americano de origem brasileira George Santos foi liberado após o pagamento de uma fiança de US$ 500 mil. O político se declarou inocente de todas as acusações em uma audiência no tribunal federal de Long Island na tarde desta quarta-feira, 10.

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O republicano é acusado de lavagem de dinheiro e outros crimes federais e foi preso antes de uma audiência no tribunal de Nova York para ouvir as acusações do processo criminal aberto contra ele. Em seguida, seus advogados concordaram com os termos de soltura. O deputado terá de comparecer às próximas audiências de custódia e terá seu direito de ir e vir restrito. Ele poderá viajar apenas entre o Estado de NY e Washington DC.

O deputado de origem brasileira conseguiu uma importante vitória para o Partido Republicano na eleição da Câmara dos Representantes por um dos distritos de Nova York, mas logo se envolveu polêmicas nas quais foram reveladas mentiras em sua biografia durante a campanha.


O deputado americano George Santos foi preso na manhã desta quarta-feira, 10 Foto: Andrew Harnik/ AP

Santos terá de responder à sete acusações relacionadas à fraude eletrônica, três de lavagem de dinheiro, uma de roubo de fundos públicos e duas por fazer declarações falsas à Câmara dos Deputados, segundo o jornal americano The New York Times.

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A acusação diz que Santos induziu apoiadores a doar para uma empresa sob o falso pretexto de que o dinheiro seria usado para apoiar sua campanha. Em vez disso, diz, ele usou o montante para despesas pessoais, incluindo roupas de grife de luxo e para pagar seus cartões de crédito. Apesar dos processos em curso, Santos deve seguir atuando no Congresso enquanto responde às denúncias. Ele se diz inocente.

Fraude no seguro-desemprego

A Justiça também acusou Santos de solicitar de forma fraudulenta benefícios de desemprego disponibilizados durante a pandemia de covid-19. Segundo os promotores federais, Santos recebeu mais de US$ 24.000 (R$ 120.00) em subsídios de desemprego enquanto trabalhava para uma empresa de investimentos com sede na Flórida que lhe pagava US$ 120.000 (R$ 600.000) por ano.

Os promotores também dizem que Santos fez conscientemente declarações falsas nos formulários de divulgação financeira em 2020 e 2022 para enganar a Câmara dos Deputados e o público sobre sua condição financeira. Na denúncia, eles acusam o deputado de inflar falsamente seu salário em 2020 e 2022, deixar de divulgar alguns rendimentos e mentir sobre os valores de suas contas correntes e de poupança.

O procurador federal, Breon Peace, disse que as acusações “buscam responsabilizar Santos por vários esquemas fraudulentos e deturpações descaradas”. “Em conjunto, as alegações acusam Santos de agir em repetidas desonestidades e enganos para chegar aos salões do Congresso e enriquecer”, disse Peace.

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Falsas alegações

O deputado também enfrenta problemas com a Justiça brasileira, inclusive inquéritos por estelionato tramitando na Justiça do Rio de Janeiro.

A decisão dos promotores americanos de tomar medidas contra Santos marcou uma virada vertiginosa na sorte de um congressista em primeiro mandato, que passou de um símbolo do ressurgimento republicano a um alvo político atormentado por escândalos.

Santos, de 34 anos, foi eleito para o Congresso no ano passado, após uma campanha baseada em falsidades. Ele disse às pessoas que era um negociante rico de Wall Street com um portfólio substancial de imóveis e que havia sido um jogador de vôlei na faculdade, entre outras coisas.

Na realidade, Santos não trabalhou nas grandes empresas financeiras que declarou, não fez faculdade e teve dificuldades financeiras antes de concorrer a um cargo público. Ele dizia que alimentou sua carreira em grande parte com riquezas que ganhou por conta própria, obtidas com a corretagem de brinquedos caros para clientes ricos, mas a acusação alega que essas ostentações também foram exageradas.

O currículo mentiroso foi primeiro relevado pelo NYT e em seguida outros veículos começaram a trazer novas revelações até mais sérias como deturpar as finanças de sua campanha e enganar as pessoas para obter ganhos financeiros.

George Santos durante seus primeiros dias de trabalho na Câmara de Deputados dos EUA Foto: Andrew Harnik/AP

Santos - que nas últimas semanas atraiu a atenção da mídia, inclusive fazendo uma aparição do lado de fora do tribunal de Manhattan, onde o ex-presidente Donald Trump estava sendo indiciado - não comentou publicamente sobre as acusações e seu advogado ainda não respondeu a pedidos de comentários.

Entre outras alegações, ele disse falsamente que era judeu e que seus avós escaparam dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Santos, que se identifica como gay, também não revelou que foi casado com uma mulher por vários anos, terminando em 2019.

Na terça, Santos disse à Associated Press que as acusações eram desconhecidas por ele. “Isso é novidade para mim”, afirmou. No entanto, ele admitiu há alguns meses ter mentido sobre ter ascendência judaica, formação em Wall Street, diploma universitário e um histórico como estrela do vôlei.

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O republicano enfrenta pressão de seus correligionários e eleitores, que já pediram sua renúncia. Em março, o Comitê de Ética da Câmara abriu uma investigação contra o congressista. A comissão vai investigar eventuais atividades ilegais em sua campanha, possíveis violações de leis federais na atuação dele em uma empresa e a denúncia de assédio feita por um assessor que trabalhou em seu gabinete.

O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, foi mais cauteloso, dizendo: “Acho que na América você é inocente até que se prove o contrário”. Com uma maioria tão tímida na Câmara, e com Santos ocupando uma cadeira que foi tomada dos democratas, uma renúncia do deputado poderia ter custos políticos para os republicanos./AP, NYT e W.POST

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