Derrota inesperada em eleição no Alabama acentua desgaste de Trump

Com forte de mulheres, jovens e negros, o democrata Doug Jones derrotou o republicano Roy Moore em um dos Estados mais conservadores dos EUA; analistas acreditam que resultado poderá influenciar votação em 2018

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Por Cláudia Trevisan e Correspondente

WASHINGTON - A surpreendente vitória dos democratas na eleição para uma cadeira pelo Senado no Alabama, na terça-feira, 12, abriu a possibilidade de o partido conquistar o controle da Casa no próximo ano, cenário que daria à oposição o poder de iniciar investigações contra o presidente Donald Trump, barrar nomeações para a Suprema Corte e dificultar a votação de projetos de interesse do governo.

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O grau de mobilização da base democrata demonstrado na disputa e a impopularidade de Trump também podem levar a oposição a uma vitória na Câmara dos Deputados em 2018. Nas 39 eleições de meio de mandato realizados desde o fim da Guerra Civil (1861-1865), o partido que controlava a Casa Branca perdeu terreno em 36.

Com forte apoio de mulheres, jovens e negros, o democrata Doug Jones derrotou o republicano Roy Moore em um dos Estados mais conservadores dos EUA, no qual Trump venceu em novembro com uma vantagem de 28 pontos porcentuais em relação a Hillary Clinton.

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Kyle Kondik, do Centro para Política da Universidade de Virgínia, disse que é impossível não fazer um paralelo entre o resultado e a vitória do republicano Scott Brown, em janeiro de 2010, na eleição para uma cadeira no Senado de Massachusetts, um dos Estados mais progressistas dos EUA. 

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O resultado acabou sendo um prenúncio das eleições de meio de mandato, na qual o então presidente Barack Obama viu sua maioria na Câmara dos Deputados ser dizimada com a conquista de 63 cadeiras pelos republicanos. Na ocasião, a oposição também expandiu sua presença no Senado, mas não conquistou a maioria. Atualmente, o partido de Trump tem vantagem de 46 votos na Câmara. Para virar o jogo, os democratas precisam conquistar 24 cadeiras.

“A disputa no Alabama reforçou a percepção de que há uma forte mobilização da base democrata, o que será importante para a eleição do próximo ano”, afirmou o cientista político David Karol, professor da Universidade de Maryland. “As eleições de meio de mandato costumam ir contra o partido governante. As únicas exceções recentes foram as realizadas depois do atentado de 11 de setembro de 2001 e as de 1998, quando os republicanos se mobilizaram pelo impeachment de Bill Clinton (e fracassaram).”

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Votações realizadas no mês passado em Virgínia, em New Jersey e em várias cidades americanas já indicaram que a base democrata está energizada e disposta a ir às urnas contra Donald Trump.

Kondik avalia que a chance de vitória da oposição na Câmara dos Deputados em 2018 é um pouco superior a 50%. “Em regra, o partido do presidente sofre nas eleições de meio de mandato, especialmente quando o presidente é impopular, como Trump”.

Segundo o instituto Gallup, a aprovação do ocupante da Casa Branca está em 36%, o mais baixo patamar da série para o primeiro ano de mandato.

A conquista da maioria no Senado será mais desafiadora para os democratas do que a da Câmara, avaliam os dois analistas. Os democratas ocupam 26 das 34 cadeiras que estarão em jogo no próximo ano, enquanto os republicanos terão de defender apenas 8. Para conquistar a maioria, a oposição terá de manter todos os senadores que possui hoje e conquistar mais dois, o que levaria a uma placar de 51 a 49 para os democrata.

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O partido acredita que tem chances no Arizona e em Nevada. A improvável vitória de Doug Jones no Alabama, porém, fez os democratas acreditarem que uma virada é possível.

O resultado da terça impôs uma derrota humilhante para Trump, que pediu votos para Moore apesar das acusações de que o candidato molestou sexualmente adolescentes nos anos 70, quando tinha cerca de 30 anos. Na segunda, 56 congressistas democratas assinaram um pedido de investigação sobre denúncias de abuso sexual de 17 mulheres contra o presidente americano. 

A chegada de Jones ao Senado encolherá a vantagem do governo na Casa, de 52 para 51 dos 100 votos, o que não deixa margem para erros em votações que não contem com o apoio unânime de republicanos. 

Mesmo com 52 votos, o partido não conseguiu aprovar sua principal promessa de campanha, a rejeição do Obamacare.

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