Derrotas do Partido Conservador em eleições regionais do Reino Unido aumentam pressão sobre Boris Johnson

Resultados mostram derrota do Partido Conservador para o Partido Trabalhista em redutos eleitorais históricos; eleição é considerado termômetro para cenário nacional

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Por Redação

LONDRES - O Partido Conservador do Reino Unido sofreu perdas nas eleições regionais em seus poucos redutos eleitorais de Londres, segundo os resultados anunciados nesta sexta-feira, 6. O resultado aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em meio a escândalos éticos e uma piora da situação econômica nacional.

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A votação realizada nesta quinta-feira, 5, para eleger milhares de parlamentares em mais de 200 câmaras locais foi vista como um importante termômetro da opinião pública antes das próximas eleições nacionais, que devem ser realizadas até 2024. O principal partido da oposição, o Partido Trabalhista, fora do poder nacional desde 2010, ganhou o controle de Wandsworth, Barnet e Westminster, três distritos de Londres há muito ocupados pelos conservadores.

Os conservadores anunciaram nas últimas semanas o risco de perder para os trabalhistas nestes distritos, conhecidos pelo apoio maciço à Margaret Thatcher, mas isso foi amplamente descartado e considerado uma forma de controlar as expectativas. Entretanto, à medida que a eleição acontecia nesta quinta-feira, parlamentares do Partido Trabalhista e do Partido Conservador confirmaram as previsões.

Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em imagem do dia 7 de março deste ano, em Londres. Eleições regionais aumentam pressão sobre Johnson com derrota do Partido dos Conservadores em redutos históricos Foto: Jason Alden / Bloomberg

O partido de Johnson também perdeu espaço no sul da Inglaterra, considerado o coração dos conservadores, para o Partido Liberal Democrata, de centro. A região sul é conhecida por ter muitos eleitores de classe média que se opõem ao Brexit e que estão indignados com as alegações de violação de regras e má conduta sexual envolvendo Johnson e outros conservadores. O Partido Conservador já esperava uma derrota nesta região, mas não contava com o avanço dos Trabalhistas em áreas que historicamente foram conservadoras.

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Com os resultados das eleições concluídos em metade da Inglaterra e anunciados na manhã desta sexta, os trabalhistas não obtiveram grandes ganhos fora da capital, especialmente entre a classe trabalhadora do norte da Inglaterra – áreas que Johnson conquistou com sucesso nas eleições gerais de 2019 com promessas de melhorar as economias e oportunidades locais após a saída do governo britânico da União Europeia.

O presidente do Partido Conservador, Oliver Dowden, reconheceu que os resultados em Londres foram “difíceis”, mas considerou que o “quadro mais plural” em outros lugares mostra que os trabalhistas não têm força para vencer as próximas eleições gerais.

Boris Johnson também considerou o resultado “plural”, mas destacou que em alguns lugares houve “ganhos bastante notáveis em lugares que não votam nos conservadores há muito tempo, ou nunca” e, em outros, os resultados foram “difíceis”. Johnson disse ainda que a mensagem que tira dos resultados é de que as pessoas querem que ele gerencie os “grandes problemas que importam para eles”.

A coordenadora de campanha nacional do Partido Trabalhista, Shabana Mahmood, argumentou que os resultados mostraram que os trabalhistas estão construindo uma base sólida para voltar ao poder após quatro derrotas sucessivas nas eleições nacionais. “Os trabalhistas avançam assumindo as principais câmaras conservadoras e vencendo em locais vitais de todo o país”, disse ela.

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“Este é um grande ponto de virada para nós”, afirmou o líder trabalhista Keir Starmer. “Mudamos os trabalhistas e agora estamos vendo os resultados disso.”

No comando anterior ao de Stermer, do esquerdista Jeremy Corbyn, as lutas entre a ala da esquerda do Partido Trabalhista e as alas mais centristas agitaram o partido, que sofreu sua pior derrota eleitoral em mais de 80 anos para o Partido Conservador, de Johnson, em 2019.

Os resultados da votação do restante da Inglaterra e de toda a Escócia e País de Gales serão divulgados ao longo desta sexta-feira. Na Irlanda do Norte, os eleitores elegem um parlamento com 90 cadeiras, e as pesquisas sugerem que o partido nacionalista irlandês Sinn Fein pode ganhar o maior número de vagas e o cargo de primeiro-ministro, no que seria uma estreia histórica.

Em todo o Reino Unido, as campanhas eleitorais foram dominadas pelo aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, o que fez disparar as contas das famílias.

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Os partidos de oposição exigem que o governo faça mais para aliviar a crise do custo de vida – impulsionada pela guerra na Ucrânia, pela pandemia de covid-19 e pelos abalos econômicos da saída do Reino Unido da União Europeia. Tanto os trabalhistas, de centro-esquerda, quanto os liberais democratas, de centro, defendem um imposto extra sobre empresas de energia, que registraram lucros recordes em meio à disparada dos preços do petróleo e do gás.

O governo conservador de Johnson argumenta que tributar grandes empresas como Shell e BP impediria o investimento necessário em energia renovável, fundamental para cumprir os compromissos climáticos do Reino Unido.

Além disso, a eleição também ocorre após meses de crise para Johnson, nos quais ele se tornou o primeiro chefe britânico a ser sancionado por violar a lei no cargo. Johnson foi multado em 50 libras (62 dólares) pela polícia por participar de sua própria festa surpresa de aniversário em junho de 2020, quando as regras de bloqueio proibiram reuniões sociais.

Johnson pediu desculpas, mas nega ter violado as regras conscientemente. Ele enfrenta a possibilidade de mais multas sobre outras festas – a polícia investiga uma dúzia de encontros – e uma investigação parlamentar que apura se ele enganou legisladores sobre seu comportamento.

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O primeiro-ministro também enfrenta descontentamento dentro de seu próprio partido. Um resultado ruim pode levar os conservadores a tentar substituir Johnson por um líder menos manchado. Dowden, o presidente do partido, reconheceu que houve “manchetes desafiadoras nos últimos meses”.

“Mas acho que contra esse tipo de desafio que você espera após 12 anos no cargo, esses são resultados desafiadores, mas progredimos em muitos lugares”, disse ele à Sky News. “Os trabalhistas certamente não estão no caminho para o poder e acredito que Boris Johnson tem as habilidades de liderança, em particular a energia e o dinamismo de que precisamos durante este período difícil”. /COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS

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