CARACAS - Pelo menos 25 pessoas morreram e outras 52 continuam desaparecidas após o deslizamento de terra que atingiu a cidade de Las Tejerías, na zona central da Venezuela, como consequência das fortes chuvas que caíram na região neste domingo, 9. O quantitativo de vítimas foi atualizado pelo Corpo de Investigações Científicas Criminais e Criminais (CICPC), com base no levantamento feito pelos médicos que realizam o trabalho de resgate nas áreas afetadas.
A tragédia aconteceu após três horas de chuvas intensas que começaram na tarde de sábado, o que fez com que vários rios transbordassem e arrastassem sedimentos, pedras e árvores da parte superior da serra. “A cena é apocalíptica”, informou a mídia local. Árvores gigantes foram varridas pela pior inundação dos últimos 30 anos na região, cortando a estrada principal da cidade - que é cercada por montanhas. Casas destruídas com vários metros de lama e comércios completamente devastados são os reflexos do pior deslizamento de terra registrado este ano no país.
O governo mobilizou agências de resgate e todos os órgãos de segurança para implantar o “atendimento máximo” às vítimas, disse o presidente Nicolás Maduro, por meio de sua conta no Twitter. Ele ainda decretou uma “zona de tragédia” nas comunidades que compõem a cidade de Las Tejerías e três dias de luto. Agências de segurança, incluindo as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB), estão posicionadas na área do desastre para seguir com as buscas por desaparecidos nos escombros.
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Cerca de mil funcionários estão envolvidos nos esforços de resgate, informou o ministro do Interior, Remigio Ceballos, que atribuiu a tragédia à recente passagem do furacão Julia. Percorrendo a área do desastre, Ceballos afirmou que “houve um recorde de chuvas”. O volume médio de chuva que cai em um mês caiu em um dia, informou. “Estas chuvas fortes saturaram a terra, temos perdas lamentáveis”, acrescentou o ministro.
Nas imagens do drone usado pelas equipes de resgate, uma grande quantidade de lama e detritos pode ser vista cobrindo as ruas de Las Tejerías. Os moradores tentaram remover os metros de lama que ficaram dentro de suas casas e trabalhadores utilizaram máquinas para tentar limpar as estradas cobertas pelo barro molhado. O serviço de água na localidade precisou ser interrompido após a força da água do córrego arrastar as bombas submersíveis. Autoridades ainda relataram que o fornecimento de energia elétrica também está completamente inoperante.
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“Estamos tentando localizar aqueles que podemos resgatar e já estamos estendendo nossas condolências a todas as pessoas que perderam um ente querido”, afirmou a vice-presidente Delcy Rodríguez. Ela também anunciou que abrigos serão instalados para transferir aqueles que perderam suas casas e o banco público dará apoio aos comerciantes que perderam todas as suas instalações e mercadorias com as inundações. Os times de beisebol Tigres de Aragua e Leones del Caracas montaram seu estádio como centro de coleta de doações.
A Venezuela enfrenta, este ano, chuvas atípicas que causaram danos em vários estados, sendo este o desastre mais grave registrado em 2022 até agora. No estado de Zulia, berço do petróleo do país, as autoridades atenderam neste final de semana inundações em vários municípios. Até o momento, o número de mortos pelas chuvas mais fortes das últimas semanas, em várias zonas do país, chega a 45, segundo organizações nacionais, regionais e locais. /EFE e AFP