A invasão do Dia D em 6 de junho de 1944 na França ocupada pelos nazistas foi sem precedentes em escala e audácia, utilizando a maior armada já vista de navios, tropas, aviões e veículos para abrir um buraco nas defesas de Adolph Hitler na Europa Ocidental e mudar o curso da 2ª Guerra Mundial.
A invasão ocorreu em 6 de junho de 1944, e dezenas de milhares de soldados dos Estados Unidos, Reino Unido, França e Canadá desembarcaram em cinco trechos da costa da Normandia – em praias com codinome Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword.
A derrota das tropas de Hitler em Stalingrado, em fevereiro de 1943, já tinha mostrado ao mundo que a máquina de guerra alemã não era invencível.
Mas a virada definitiva, que determinou o início do fim da 2ª Guerra Mundial, começou a se desenhar com o desembarque de 160 mil soldados aliados na Normandia. Chamada de Operação Netuno, a enorme mobilização militar de 6 de junho de 1944 entrou para a História, tornando a data conhecida como o “Dia D”.
O ataque começou a ser planejado no ano anterior. Desde então, o comando dos aliados fez de tudo para manter a empreitada em segredo. Foi criado um plano fictício, chamado de Operação Guarda-Costas, para enganar as tropas alemãs. No fim das contas, a Operação Netuno deveria ter acontecido em 5 de junho, mas as condições do tempo não permitiram a sua execução, que foi adiada para o dia seguinte.
O desembarque da infantaria e dos veículos terrestres foi precedido por intensos bombardeios aéreos e navais. Durante a madrugada, cerca de 24 mil paraquedistas americanos, canadenses e britânicos foram lançados na França. Às 6h30, começou o desembarque num trecho de 80km de costa do país europeu.
Os soldados foram recebidos com fogo pesado e minas terrestres. A operação terminou com mais de 4 mil mortos de cada lado. Os aliados levaram dias até conseguir tomar as praias da Normandia, mas, concluída a empreitada, as tropas “invasoras” conquistaram um ponto importante para avançar sobre o território francês, na época sob poder da Alemanha.
A quantidade de pessoal mobilizado no Dia D, segundo o historiador Max Hastings, foi de cerca de 150 mil homens, transportados em 5.300 embarcações, além de 1.200 tanques e cerca de 12 mil aeronaves como apoio.
Também foram utilizados paraquedistas, que saltaram em diferentes posições da Normandia para confundir as defesas inimigas e conquistar pontes importantes para garantir o avanço Aliado.
As tropas Aliadas eram compostas, principalmente, por soldados americanos, britânicos e canadenses e tinham como objetivo a conquista de cinco praias localizadas nas proximidades da cidade de Caen.
O que aconteceu no Dia D?
Hitler tinha mandado construir o chamado “muro do Atlântico” que ia da Noruega a Espanha. E Calais seria a cidade mais próxima para chegar a França partindo de Inglaterra para depois seguir para a Alemanha.
Algo que os alemães sabiam, pelo que reforçaram aquela parte do “muro”. Os Aliados descobriram nas praias da Normandia as condições mais adequadas: ali, os alemães eram mais fracos.
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O desembarque decorreu ao longo de 80 quilômetros, em cinco praias - Utah Beach e Omaha Beach foram atribuídas às forças dos EUA, Gold e Sword às britânicas e francesas, Juno aos canadenses.
“Netuno” foi o nome dado à operação de desembarque das tropas, marcando o início da operação “Overlord”, que lançaria a batalha para a tomada da Normandia.
O objetivo era estabelecer uma testa de ponte na Normandia para trazer reforços e abastecimentos. O Dia D seria definido pela lua e pelas marés: teria de ser noite de lua cheia tardia para garantir escuridão inicial e visibilidade a seguir e com maré a subir para desembarcar as tropas suficientemente perto da costa, mas suficientemente longe dos alemães. A operação foi precedia por uma extensa campanha de bombardeio para danificar as defesas alemãs.
As táticas de engano empregadas nos meses que antecederam o ataque levaram os alemães a acreditar que os ataques iniciais eram meramente uma distração e que a verdadeira invasão ocorreria mais adiante ao longo da costa.
As divisões aliadas começaram a pousar nas cinco praias às 6:30 da manhã de 6 de junho. As tropas americanas foram designadas para a praia de Utah, na base da Península de Cotentin, e de Omaha, no extremo norte da costa da Normandia. Os britânicos posteriormente desembarcaram em Gold Beach, seguidos pelos canadenses em Juno e, finalmente, os britânicos em Sword, o ponto mais oriental da invasão.
No entanto, nem todos os pousos foram bem-sucedidos; as forças dos EUA sofreram perdas substanciais na praia de Omaha, onde fortes correntes forçaram muitas embarcações a desembarcarem longe de suas posições pretendidas, atrasando e dificultando a estratégia de invasão.
O fogo pesado das posições alemãs nos penhascos íngremes, que não haviam sido efetivamente destruídos pelos bombardeios aliados antes da invasão, também causou vítimas.
Dia D em números
No total, cerca de 7.000 navios participaram da invasão, incluindo 1.213 navios de guerra e 4.127 embarcações de desembarque.
Cerca de 24.000 soldados aliados também foram colocados atrás das linhas inimigas logo após a meia-noite do dia da invasão, e 150.000 homens desembarcaram nas praias.
As tropas foram apoiadas por 12.000 aeronaves aliadas e 10.000 veículos que foram entregues nas cinco praias.
Somente no Dia D, 4.414 soldados aliados foram confirmados como mortos, com mais de 9.000 feridos ou desaparecidos.
O número exato de vítimas alemãs no dia é desconhecido, mas estima-se que estejam entre 4.000 e 9.000.
O que aconteceu depois do Dia D?
Apesar de garantir um reduto na costa francesa no Dia D, as forças aliadas enfrentaram o risco de que o bombardeio dos alemães pudesse empurrá-los de volta para o mar.
Eles precisavam aumentar o número de tropas e equipamentos na Normandia mais rápido do que os alemães, permitindo uma invasão contínua na Europa continental.
Os Aliados usaram seu poder aéreo para desacelerar o avanço alemão em direção à Normandia, explodindo pontes, ferrovias e estradas em toda a região. Isso permitiu aos Aliados ganhar o controle total da Normandia 77 dias depois e seguir em direção a Paris, que eles libertaram em agosto de 1944. / AP, NYT, AFP e W.POST
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