Diante de prisão de opositores, UE já estuda sanções contra Maduro

Espanha lidera movimento dentro do bloco, mas enfrenta resistência de governos como o da Grécia; oficialmente, assessoria da chefe da diplomacia da Europa, Federica Mogherini diz que ela está 'coordenando posições" com os 28 países do bloco

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Por Jamil Chade, Correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - A União Europeia elevou o tom de críticas contra o governo de Nicolás Maduro, disse que a prisão dos opositores foi "um passo na direção errada", rejeitou reconhecer os resultados das eleições de domingo e, nos bastidores, já começou a considerar sanções contra autoridades de Caracas.

Durante a madrugada, os líderes da oposição Leopoldo López e Antonio Ledezma foram detidos pelo governo, num gesto condenado pelos europeus. "Há umas semanas, comemoramos a transferência de Leopoldo López da prisão à detenção domiciliar", disse Catherine Ray, porta-voz de Relações Exteriores da Comissão Europeia. "Hoje, esse gesto foi um passo na direção errada."

Leopoldo López e Antonio Ledezma voltaram a ser presos pelo governo venezuelano nesta terça; UE já estuda adotar sanções contra Caracas Foto: AFP PHOTO / Leopoldo LOPEZ AND EVARISTO SA

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"Esperamos mais informações por parte das autoridades da Venezuela sobre essa situação, que continua sem estar clara", insistiu. Nos bastidores, porém, a atitude foi vista por parte do bloco como uma demonstração do que poderá ser a nova fase política na Venezuela. 

Liderados pela Espanha, diplomatas da Comissão Europeia começaram a trabalhar em cenários possíveis de aplicação de sanções. Madri vinha insistindo há duas semanas sobre a necessidade de uma ação mais forte, mas Bruxelas optou por esperar a eleição do fim de semana e ver a reação do governo Maduro. 

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Agora, o governo espanhol quer que a Europa inicie o processo formal para aplicar as sanções, principalmente contra dirigentes venezuelanos. Horas depois da notícia das prisões dos líderes da oposição, o ministro de Relações Exteriores da Espanha, Alfonso Dastis, telefonou para a chefe da diplomacia da Europa, Federica Mogherini, fazendo oficialmente o pedido de sanções.

Segundo ele, a proposta é de que as medidas restritivas sejam "individuais, seletivas e específicas" contra os "responsáveis pelo caos" no país. Além de Mogherini, Madri tem feito forte lobby nas demais capitais europeias para que um acordo seja alcançado. 

Para isso, porém, a Espanha e mesmo a Comissão Europeia terá de superar a resistência de governos como o da Grécia que, nos últimos anos, manteve uma relação de proximidade com Maduro. 

Jornais gregos revelaram no último fim de semana que o então líder da oposição e hoje primeiro-ministro, Alexis Tsipras, pediu em 2013 ajuda a Maduro caso a Grécia saísse da UE. O grego teria solicitado abastecimento de petróleo e a intermediação do venezuelano para aproximar Atenas de Rússia e China. 

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O jornal espanhol El País chegou a apontar, ainda em julho, que Portugal também seria contrário às sanções, algo que Lisboa desmentiu e argumentou que, naquele momento, o tema sequer havia sido apresentado de forma concreta como uma possibilidade.

Se nos EUA o caminho foi o congelamento de bens e bloqueio de viagens, Bruxelas quer explorar suas próprias opções. Para convencer os governos mais reticentes do bloco, Bruxelas vem sinalizando que não adotará embargos econômicos, o que aprofundaria ainda mais a crise social no país.

Oficialmente, a assessoria de Mogherini se limita a dizer que ela "está coordenando posições" com os 28 países do bloco sobre os próximos passos a serem tomados contra Maduro. 

Nesta terça-feira, a vice-secretária do Partido Popular, Andrea Levy, também pediu que a Europa adote o mesmo caminho indicado pelos EUA e também aplique sanções contra a Venezuela. "Não é apenas que realizem eleições fraudulentas. Mas querem exterminar a oposição", alertou. 

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Reconhecimento

Sobre as eleições que escolheu uma nova Assembleia Constituinte, a UE insiste que "não pode reconhecer o resultado como tal" e destacou que Bruxelas optou por adotar a mesma posição do Parlamento Europeu, que também se recusa a aceitar as leis criadas pela nova Assembleia. "Temos dúvidas sobre a validade do resultado", disse o bloco, num comunicado. 

A UE já havia indicado que a Constituinte "não pode ser parte da solução" e sua eleição ocorreu em meio à violência e "condições duvidosas". 

Bruxelas pediu que Maduro "trabalhe de forma urgente para adotar medidas que construam a confiança para reduzir a tensão e impulsionar melhores condições para reiniciar os esforços em direção de uma solução pacífica e negociada". 

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