Dias após naufrágio do principal navio de guerra russo no Mar Negro, muitas dúvidas continuam

As dúvidas chegaram a tal ponto, que um popular apresentador de talk show, com posições em geral pró-Kremlin, começou a questionar o que deu errado

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Por Neil MacFarquhar
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - Um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa da Rússia que pretendia mostrar dezenas de tripulantes uniformizados do cruzador de mísseis Moskva, aparentemente dias após o naufrágio do navio, não respondeu às perguntas que ficaram sobre o destino do navio e seus mais de 500 funcionários.

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As dúvidas chegaram a tal ponto no sábado que até Vladimir Soloviev, um popular apresentador de talk show no horário nobre cujos pronunciamentos muitas vezes refletem a linha do Kremlin, começou a perguntar o que deu errado.

Soloviev, descrevendo-se como “indignado” com o naufrágio, fez uma série de perguntas retóricas sobre as duas versões de como o navio da frota do Mar Negro afundou durante a noite de quarta-feira.

Se o navio pegou fogo antes de afundar, como afirmam os russos, então por que não tinha um sistema para extinguir essas chamas? Perguntou o apresentador de televisão em voz alta.

O cruzador russo, Moskva, é visto no porto de Sevastopol, no Mar Negro, em 2013 Foto: REUTERS/Stringer

Se o navio foi afundado por dois mísseis Netuno de fabricação ucraniana, como afirmaram os ucranianos e autoridades do Departamento de Defesa dos EUA, por que faltava um sistema antimísseis?

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“Apenas me explique como vocês conseguiram perdê-lo”, disse Soloviev em seu programa de sábado, sem dirigir a pergunta a ninguém em particular.

O questionamento foi incomum, até porque Soloviev abordou a ideia de que a Ucrânia conseguiu afundar o Moskva, uma das maiores perdas navais do mundo desde a Segunda Guerra Mundial.

No geral, a mídia russa manteve a versão oficial promulgada pelo Ministério da Defesa e ecoou na TASS, uma agência de notícias estatal. Essa versão afirmava que um incêndio a bordo havia iniciado no depósito de munição, danificando seriamente o Moskva, nomeado em homenagem à capital russa.

Depois que a tripulação de pelo menos 510 homens foi retirada, segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o navio afundou em mar agitado enquanto era rebocado de volta para Sebastopol, o quartel-general da frota da Crimeia. A Ucrânia disse que atingiu o navio com dois mísseis e o navio afundou rapidamente.

O Ministério da Defesa russo postou um vídeo em seu canal Telegram, bem como no canal de sua rede de televisão Zvezda, no sábado, mostrando o almirante Nikolai Yevmenov, comandante da Marinha Russa, e outros oficiais reunidos com o que disse serem alguns membros da tripulação Moskva.

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Frame tirado de um vídeo disponibilizado pelo serviço de imprensa do Ministério da Defesa da Rússia mostra o comandante-chefe da Marinha Russa Almirante Nikolai Yevmenov em uma reunião com membros da tripulação do cruzador Moskva em Sebastopol em 16 de abril de 2022 Foto: EFE / EFE

O breve clipe mostrava o almirante se dirigindo a dezenas de marinheiros, mas não havia explicação sobre o destino dos demais. “As tradições do cruzador de mísseis Moskva serão cuidadosamente preservadas e continuadas da maneira que sempre foi aceita na marinha”, disse ele, acrescentando que a tripulação continuaria a servir em outros lugares.

Postagens de mídia social sugeriram que alguns dos membros da tripulação morreram, mas o número não é claro. Vídeos postados online de um serviço memorial não oficial em uma homenagem ao 300º aniversário da frota do Mar Negro mostraram uma coroa de flores com uma fita com a inscrição “Ao navio e marinheiros”.

A Radio Liberty, uma rede do governo dos EUA com sede fora da Rússia, ligou para a viúva de um aspirante que confirmou sua morte e disse que 27 membros da tripulação continuavam desaparecidos.

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