GUAYAQUIL, Equador - Uma batalha entre gangues em uma prisão na cidade costeira de Guayaquil, no Equador, deixou ao menos 100 presos mortos e feriu mais 52, no que as autoridades estão chamando de o pior massacre penitenciário da história do país. Pelo menos cinco presos foram decapitados, disseram autoridades nesta quarta-feira, 29.
O presidente do país, Guillermo Lasso, decretou estado de emergência no sistema prisional do Equador, e as autoridades atribuíram o derramamento de sangue na prisão de Guayas a gangues ligadas a cartéis de drogas internacionais que lutam pelo controle da prisão.
Os confrontos aconteceram nesta terça-feira, 28, e envolveram armas de fogo, facas e bombas.
"É uma tragédia... que a luta entre bandos, grupos criminosos que buscam o controle interno, chegue a esses níveis", disse o diretor da agência penitenciária, Bolivar Garzón, à rádio FMundo.
O departamento de comunicação do Equador disse que o presidente vai dar uma entrevista coletiva para anunciar os detalhes do estado de emergência.
“Na história do país, não houve um incidente semelhante ou mesmo próximo a este”, disse Ledy Zuniga, ex-presidente do Conselho Nacional de Reabilitação do Equador.
Zuniga, que também foi ministra da Justiça do país, disse lamentar que não tenham sido tomadas medidas para evitar outro massacre após os tumultos mortais nas prisões em fevereiro passado.
Imagens que circularam nas redes sociais mostraram dezenas de corpos nos Pavilhões 9 e 10 da prisão de Guayas. As imagens macabras de dentro da prisão foram acompanhadas pelos lamentos de parentes de prisioneiros que esperavam do lado de fora ao lado de veículos blindados, soldados e ambulâncias.
No início do dia, o número de mortos confirmados era de 30, mas o comandante da polícia regional Fausto Buenano disse que os corpos encontrados nos oleodutos da prisão ainda estavam sendo identificados.
As autoridades disseram que demorou cinco horas para recuperar o controle da prisão na terça-feira. A violência surgiu de uma disputa entre as gangues de prisão "Los Lobos" e "Los Choneros", disseram as autoridades.
O coronel Mario Pazmino, ex-diretor da inteligência militar do Equador, disse que os combates sangrentos mostram que o "crime organizado transnacional permeou a estrutura" das prisões equatorianas, acrescentando que os cartéis mexicanos de Sinaloa e Jalisco Nova Geração operam por meio de gangues locais.
"Eles querem semear o medo", disse ele à agência Associated Press na quarta-feira, depois que autoridades confirmaram 5 decapitações.
Em julho, o presidente decretou outro estado de emergência no sistema prisional do Equador após vários episódios violentos que resultaram na morte de mais de 100 presidiários. Essas mortes ocorreram em várias prisões e não em uma única instalação como o massacre de terça-feira.
Anteriormente, o dia mais sangrento do sistema prisional equatoriano havia sido em fevereiro, quando 79 presos morreram em distúrbios simultâneos em três prisões do país. Em julho, mais 22 presos perderam a vida na penitenciária do litoral, enquanto em setembro um centro penitenciário foi atacado por drones. /AP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.