A nova legislatura da Câmara dos Representantes dos EUA tomou posse nesta terça-feira, 3, com um impasse no Partido Republicano para a escolha do novo presidente da Casa. O deputado Kevin McCarthy, ligado à ala moderada do partido, não conseguiu em três votações os 218 votos necessários para chegar ao cargo, depois de a ala mais radical do partido ter rompido com ele.
Como os republicanos tem uma maioria diminuta na casa, com 222 deputados, um número pequeno de deserções já impossibilitaria sua vitória. Na primeira votação, McCarthy teve apenas 203 votos. A disputa foi para o segundo turno e o número de votos se repetiu. Na terceira tentativa, ele perdeu um voto, dando continuidade ao impasse até pelo menos esta quarta-feira, 4.
De qualquer forma, o prejuízo político para a oposição republicana, segundo analistas, está dado. Depois de uma eleição legislativa na qual o resultado do partido foi bem abaixo do esperado, com os democratas mantendo o controle do Senado e com a oposição com uma pequena maioria na Câmara, a facção mais radical - ligada ao ex-presidente Donald Trump - saiu como a grande derrotada na eleição.
Nas negociações para a presidência da casa, a facção exigiu diversas concessões para apoiar McCarthy, que incluem desde privilégios para comandar a pauta legislativa até questões ligadas ao orçamento e nomeação de postos.
Apesar dos impasses, McCarthy prometeu continuar na disputa pela presidência da Câmara, mesmo que isso exija que sejam necessárias diversas votações.
A disputa pode enfraquecer o partido num momento em que os EUA começam a ensaiar os movimentos para a sucessão do presidente Joe Biden. A um ano das primárias, os pré-candidatos à Casa Branca começam a procurar financiadores e testar a viabilidade de uma candidatura. Do lado republicano, Trump e o governador da Florida, Ron de Santis, são os favoritos.
Ronna McDaniel, a presidente do Comitê Nacional Republicano, que está enfrentando seu próprio desafio de liderança, disse na Fox News que o drama de McCarthy prejudicaria as chances do partido de reconquistar a Casa Branca em 2024.
“Enquanto estivermos lutando entre si, outros, não estamos de olho no prêmio”, disse ela. “Temos que resolver esse cargo de porta-voz e seguir em frente se quisermos ter sucesso em 2024 como um partido unido. No momento, isso exemplifica exatamente o que os democratas querem ver em nosso partido.
Enquanto isso, os democratas continuam unidos em torno do deputado Hakeem Jeffries, de Nova York. Em todas as três votações desta terça-feira, Jeffries recebeu 212 votos (número de democratas na Casa), insuficientes dos 218 para ele se eleger como líder. /NYT E W.POST
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.