NOVA YORK, EUA - O jornal americano The New York Times publicou no sábado, 16, documentos do governo da China que mostram detalhes do programa de detenções em massa contra minorias muçulmanas na região de Xinjiang, no noroeste do país asiático.
O veículo obteve mais de 400 páginas de material por meio de um membro do governo, que estaria descontente com as políticas executadas e pediu para não ser identificado.
Entre os documentos, estão discursos feitos pelo presidente chinês, Xi Jinping, a funcionários durante e depois de uma visita a Xinjiang, em abril de 2014, semanas depois que militantes uigures mataram 31 pessoas em um atentado.
Segundo o New York Times, esses pronunciamentos marcaram as bases para a repressão, com direito ao chefe de governo pedindo que não houvesse "absolutamente nenhuma compaixão" na resposta.
Campos de reeducação
Nos últimos anos, as autoridades chinesas confinaram cerca de 1 milhão de uigures e outras minorias muçulmanas em campos classificados como de reeducação em Xinjiang, segundo entidades de defesa dos direitos humanos.
O governo da China garante que são locais de formação vocacional, criados para pessoas que sofreram influência de extremismo religioso e que cometeram pequenos delitos para fazer com que se tornem terroristas.
Segundo as informações obtidas pelo NYT, os campos de internação cresceram muito rapidamente depois da nomeação, em agosto de 2006, de Chen Quanguo como responsável pela área. O dirigente puniu funcionários que considerava resistentes com mão de ferro.
Guia de respostas
Em outro documento, está um guia preparado para que funcionários do governo chinês pudessem dar respostas às perguntas de estudantes que voltavam a Xinjian e descobriam o desaparecimento de parentes, que estariam nesses campos.
O texto ordenava, primeiramente, tranquilizar aos jovens, mas em caso de insistência, era preciso dizer que as ações poderiam resultar em aumento do tempo dos parentes nos centros de reeducação.
Estados Unidos e outros países ocidentais denunciam abertamente as violações dos direitos humanos do governo chinês contra minorias muçulmanas. / EFE
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