The Economist: Donald Trump e Joe Biden querem disputar a presidência novamente

Mas seus partidos podem ter outras ideias

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Por James Bennet

Os Estados Unidos estão prestes a testemunhar uma empolgante nova era na política — ou uma rancorosa luta a porretadas que ninguém quer. Quem finalmente se livrar de Donald Trump determinará esse futuro. Será um oponente nas primárias? Ou, na eleição geral de 2024, será o presidente Joe Biden ou algum democrata representando uma nova direção para seu partido?

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No futuro próximo o narcisismo de Trump continuará o buraco negro em torno do qual a política americana revolverá. Por motivos tanto jurídicos e psicológicos quanto políticos, Trump sente que tem de concorrer à presidência novamente. Não fazê-lo o deixaria mais vulnerável aos muitos processos criminais e civis sendo construídos contra ele — e, ainda pior, de sua perspectiva, o condenariam a uma irrelevância arrepiante, incapaz de evitar o afastamento primeiramente dos holofotes e então de seus doadores e talvez até dos apoiadores mais empedernidos.

Mas os resultados das eleições de meio de mandato mostraram novamente que Trump é um perdedor, conforme muitos dos candidatos que ele apoiou foram rejeitados pelos eleitores. Ao mesmo tempo, um possível oponente nas primárias, o governador da Flórida, Ron DeSantis, emergiu como nova potência republicana. Autoridades e doadores republicanos, muitos dos quais já ansiando livrar-se de Trump, se voltarão para DeSantis.

Um vídeo do presidente dos EUA, Joe Biden, é visto em uma tela enquanto o ex-presidente Donald Trump fala em um comício antes das eleições de meio de mandato, em Miami, Flórida, em 6 de novembro de 2022 Foto: Marco Bello/Reuters

Outros considerarão o governador da Virgínia, Glenn Youngkin, que oferece uma versão mais branda e gentil da cruzada cultural e social dos republicanos do que a adotada por DeSantis. E outros se voltarão para Mike Pence, que foi vice de Trump mas, graças à sua recusa em acatar as exigências do ex-presidente para corromper a eleição de 2020, pode se apresentar para os eleitores evangélicos como um sujeito íntegro. Será interessante constatar quanto isso importa.

Possivelmente não muito, porque é impossível descartar Trump. Ele entende de força, o que há muito lhe permite perder apostas com consequências devastadoras. Ele com frequência empunha seus apoiadores militantes como um porrete para intimidar possíveis oponentes e críticos, cujo efeito foi especialmente destrutivo em 6 de janeiro de 2021. De sua perspectiva, quanto mais oponentes fragmentarem o voto anti-Trump nas primárias, melhor.

Mas a estratégia de Trump também continuará a limitá-lo na eleição geral. Sua famosa afirmação sobre a lealdade de seus seguidores — de que ele poderia até atirar em alguém na 5.ª Avenida que não perderia seu apoio — é apenas metade da história. Mas Trump, de sua parte, também viu necessário provar infinitamente sua lealdade a eles. Trump não pode nem se gabar sobre seu sucesso em garantir vacinas contra covid-19; quando ele afirmou em um comício que tinha recebido uma dose de reforço, acabou vaiado. Essa obsessão em cultivar fanáticos explica por que Trump jamais obteve apoio majoritário — e não tem essa perspectiva agora. A maioria dos americanos está farta de seu comportamento.

No campo democrata, enquanto isso, o presidente Joe Biden será pressionado para não concorrer a outro mandato em razão de sua idade e seus baixos índices de aprovação. Assim que algum outro democrata — o governador da Califórnia, Gavin Newsom; a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer; ou o governador do Colorado, Jared Polis — anunciar que vai concorrer, mais competidores se apresentarão. A história não foi gentil com presidentes que enfrentaram desafios sérios em primárias, mas Biden poderá prevalecer. Se isso ocorrer, os americanos poderão ver-se diante da escolha entre dois antagonistas envelhecidos e amplamente rejeitados pelo público.

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Se Biden tiver sabedoria de se retirar, Kamala Harris sublinhará seu papel como vice-presidente e sua identidade de mulher negra como razões para os democratas se unirem em seu favor. Alguns o farão. Mas outros integrantes do governo, incluindo o secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e a secretária de Comércio, Gina Raimondo, e centristas populares competirão — e um vigoroso debate sobre a direção do Partido Democrata se seguirá.

Os americanos temem pela saúde de sua democracia. Mas à medida que uma nova geração líderes disputa posições em ambos os partidos, os eleitores poderão ter adiante uma inspiradora demonstração democrática. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO