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Edmundo González descarta pedir asilo após ordem de prisão na Venezuela

Há mais de um mês na clandestinidade, candidato opositor é procurado por crimes que incluem ‘desobediência às leis’, ‘conspiração’, ‘usurpação de funções’ e ‘sabotagem’

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Por Javier Tovar (AFP)

O candidato opositor Edmundo González Urrutia descartou, por enquanto, pedir asilo em alguma embaixada na Venezuela, após a justiça venezuelana, alinhada ao chavismo, emitir um mandado de prisão contra ele na noite de segunda-feira, 2 — ordem que gerou condenação da comunidade internacional.

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Um tribunal com competência em terrorismo ordenou na noite de segunda-feira, poucos minutos após um pedido do Ministério Público, a detenção do diplomata de 75 anos, que denuncia que a reeleição de Nicolás Maduro foi fraudulenta e afirma que venceu as eleições de 28 de julho com ampla vantagem.

Há mais de um mês na clandestinidade, González é procurado por crimes que incluem “desobediência às leis”, “conspiração”, “usurpação de funções” e “sabotagem”.

“Temos pouco conhecimento sobre esse processo judicial”, explicou nesta terça-feira seu advogado, José Vicente Haro, do lado de fora da residência de González em Caracas. O mandado, que está a cargo da polícia judiciária, ainda não foi executado.

Haro indicou que o diplomata, por enquanto, não procurou refúgio em alguma representação diplomática. “Não pediu asilo. É uma questão que a família ou o senhor Edmundo González Urrutia não levantaram”, declarou.

Maduro chamou o opositor de covarde por estar “enconchado”, gíria popular para quem se esconde das autoridades, e afirmou que ele está preparando a fuga.

Um tribunal ordenou, a pedido do Ministério Público, a detenção de González que denuncia que a reeleição de Maduro foi fraudulenta. Foto: JUAN BARRETO/AFP

Os Estados Unidos, com quem a Venezuela não mantém relações formais há cinco anos, estão considerando “uma série de opções” para mostrar a Maduro “que suas ações ilegítimas e repressivas na Venezuela têm consequências”, afirmou Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado.

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Washington já impôs em 2019 uma série de sanções contra o país caribenho, mas flexibilizou várias delas nos últimos anos, especialmente no que se refere à exploração petrolífera.

O alto representante da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, rejeitou “categoricamente” a medida, enquanto um porta-voz da ONU disse que o secretário-geral, António Guterres, “acompanha com preocupação” os eventos na Venezuela e reiterou seu “apelo à proteção total e ao respeito pelos direitos humanos”.

A oposição afirma que a vitória de González é comprovada pelas cópias de mais de 80% das atas de votação que foram publicadas em um site, documentos que o chavismo desconsidera e diz serem forjados. Este site é o foco da investigação que levou à ordem de prisão contra González.

Vista do edifício Parque Chulavista, onde fica a casa de González Urrutia, em Caracas. O candidato da oposição não pediu asilo, disse seu advogado.  Foto: Federico PARRA/AFP

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A ordem de prisão chega após o descumprimento de três convocações por parte de González, chamado a depor no MP, que o investiga em um processo criminal. O diplomata argumentou dias atrás que o MP agia como um “acusador político” que o submeteria a um processo “sem garantias de independência e do devido processo”.

Maduro pediu que González e Machado, que também está na clandestinidade, fossem presos. Ele responsabiliza os líderes opositores por atos de violência nos protestos pós-eleições que deixaram 27 mortos — dois deles militares — quase 200 feridos e mais de 2.400 detidos, incluindo mais de 100 menores de idade.

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