A votação antecipada nos Estados Unidos já equivale a 46% do total de votos na última eleição. Foram mais de 72 milhões de votos registrados até este domingo, 3, no que promete ser uma disputa voto a voto entre a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump.
Na Georgia, Estado decisivo, 4 milhões de pessoas já compareceram às urnas, o que corresponde a 80% do total de votos na última eleição. No Arizona e na Carolina do Norte, também decisivos, a metade dos eleitores saiu de casa antes para escolher entre Kamala e Trump.
Os números sugerem uma mudança, intensificada pela pandemia mas duradoura, nos hábitos de votação nos EUA. O dia oficial da eleição é a próxima terça-feira, 5.
“O Dia da Eleição agora é apenas o fim da votação”, disse Barry Burden, diretor do Centro de Pesquisa de Eleições da Universidade de Wisconsin em Madison. “Temos muitos dias de eleição e é apenas o último dia em que as cédulas podem ser entregues.”
A votação antecipada não chegou ao mesmo nível da última eleição, em 2020, marcada pela pandemia, mas superam qualquer pleito anterior. Depois de anos desqualificando o voto adiantado e por correio, Donald Trump passou a emitir sinais mistos e incentivar que os republicanos fossem às urnas o quanto antes.
Reflexo de uma eleição acirrada, em que as pesquisas apontam empate técnico, 40% dos eleitores que depositaram seus votos antecipadamente estão registrados como democratas e outros 40% como republicanos, segundo levantamento da rede americana NBC. 54% foi pessoalmente às urnas e outros 46% enviaram por correio.
Eleitores de todo país dizem gostar de poder escolher quando votar para garantir que terão tempo suficiente em caso de filas. Com isso, evitam que um dia de trabalho ocupado na terça-feira os impeça de votar. O grande interesse pela votação antecipada pode refletir ainda a natureza de uma eleição em que os americanos têm se mostrado decididos sobre o voto.
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“Dessa forma, posso resolver logo e acabar com isso”, disse Terri Ellis, de 71 anos, após votar na vice-presidente Kamala Harris na quinta-feira em Marshall, Wisconsin, Estado decisivo em que a democrata aparece com leve vantagem numérica nas pesquisas. Por lá, 1,3 milhão de americanos já votaram.
Craig Oran, de 43 anos, levou apenas alguns minutos para depositar seu voto na democrata na quinta-feira em Marshall, uma pequena cidade do Wisconsin. O designer gráfico queria evitar as multidões do dia da eleição e considera que votar pessoalmente é mais seguro que pelos correios.
Chris Loeser, 53, é operador de máquinas em Houston e estava a caminho do trabalho na sexta-feira quando passou por um local de votação antecipada e notou que não havia fila. “Eu pensei: ‘Vamos aproveitar isso’”, disse ele, que votou em Trump pela terceira vez.
O número de cédulas de votos antecipados deve continuar a subir antes do dia da eleição. Em comícios recentes nos Estados decisivos, Trump e Harris incentivaram seus apoiadores e eleitores indecisos a votar antecipadamente. Para as campanhas, a votação antecipada permite garantir o voto dos apoiadores para focar nos indecisos.
As regras de votação variam de acordo com o Estado. Alguns permitem que o processo se estenda por semanas, alguns enviam automaticamente cédulas para todos os eleitores registrados e outros limitam rigorosamente quando um eleitor pode votar antes do dia da eleição.
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