Wall Street está superestimando os riscos de um atraso no resultado das eleições presidenciais americanas se refletir nos mercados financeiros, avalia o Goldman Sachs, em relatório a clientes, obtido pelo Broadcast. Para o banco americano, a despeito de uma corrida acirrada como em 2020, o desfecho pode se dar antes, com o provável vencedor da disputa sendo reconhecido, ainda que não oficialmente, na noite do pleito, dia 05 de novembro, ou na manhã seguinte.
“Embora as pesquisas indiquem uma disputa acirrada, há muitos cenários plausíveis que permitiriam um resultado eleitoral relativamente claro no início da noite”, dizem os analistas do Goldman Sachs, Michael Cahill, Lexi Kanter e Alec Phillips, em relatório a clientes.
Segundo eles, mudanças nas regras no processamento de cédulas e chances de um menor volume de votos por correspondência devem possibilitar relatórios mais rápidos em alguns Estados importantes. Além disso, grande parte do atraso em 2020 foi gerado por conta do pico de votos por correspondência durante a pandemia, observam.
Até a manhã desta quarta-feira, mais de 53,4 milhões de eleitores já haviam votado de maneira antecipada, de acordo com dados do Laboratório Eleitoral da Universidade da Flórida. Desses, 27,7 milhões votaram pessoalmente e 25,6 milhões por correspondência. Um total de mais de 65,5 milhões de eleitores requisitaram o voto por correspondência. O período já terminou.
“A parcela de votos pelo correio deve permanecer elevada em relação a 2016, mas dada a reversão de muitas exceções temporárias de votação durante a covid-19, deve haver menos abstenções desta vez”, avaliam os analistas do Goldman Sachs.
Ao explicar as razões para as chances de o resultado das eleições presidenciais de agora ser mais rápido que em 2020, eles citam mudanças em determinados estados. Michigan, por exemplo, é esperado que comece a processar as cédulas até oito dias antes da eleição, na próxima semana, em comparação com 12 horas no dia oficial do voto em 2020. Carolina do Norte e Flórida devem relatar a maioria dos votos logo após o fechamento das urnas, no dia 05 de novembro.
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Cahill, Kanter e Phillips admitem, porém, que a aceleração da apuração dos votos em alguns estados pode ser compensada por uma maior lentidão em outros. Dentre os locais que têm um processamento mais demorado das cédulas, eles citam Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.
“Há informações suficientes disponíveis relativamente cedo na noite da eleição de estados que relatam os resultados rapidamente para que o mercado seja capaz de avaliar o provável vencedor da corrida presidencial, mesmo que não se tenha o resultado oficial ainda”, afirmam.
Na visão deles, o mercado está confundindo o momento quando os veículos de comunicação vão declarar um vencedor da corrida à Casa Branca com quando os mercados devem se mover para refletir o resultado provável da disputa entre o ex-presidente Donald Trump e a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris.
Quanto ao controle do Congresso dos EUA, os analistas veem riscos de uma demora maior. Segundo o gigante de Wall Street, se a disputa se resumir a algumas cadeiras na Califórnia, o resultado pode levar várias semanas para ser contabilizado. Nesse cenário, os mercados poderiam demorar mais tempo para digerir as implicações do resultado da eleição nos EUA, incluindo possíveis mudanças em termos de políticas fiscal e regulatórias.
Os analistas do Goldman Sachs lembram que o resultado das últimas eleições presidenciais nos EUA, tanto em 2020, quanto em 2016, se refletiu nos ativos algumas horas após o fechamento das urnas. No mercado de câmbio, a volatilidade geralmente atinge o pico nas primeiras horas depois do fim do pleito na Costa Leste e permanece um pouco elevada durante a manhã de Londres antes de voltar ao normal no início das negociações em Nova York.
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