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Eleições na Argentina: candidato peronista se reúne com Lula em Brasília em busca de apoio

Ministro da Economia da Argentina também se reuniu hoje com seu homólogo Fernando Haddad, com quem anunciou um acordo com o Banco de Desenvolvimento da América Latina, o CAF, de US$ 600 milhões em garantias para exportações brasileiras ao país vizinho

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Por Redação
Atualização:

O ministro da Economia da Argentina e candidato da esquerda à presidência, Sergio Massa, esteve na tarde desta segunda-feira, 28, em Brasília, reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Massa veio discutir iniciativas para aliviar as finanças argentinas no curto prazo, em tempo de dar um pouco de oxigênio para sua candidatura na eleição presidencial de 22 de outubro.

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A visita de Massa ocorre horas após o ministro anunciar medidas para conter a crise que ignoram os pedidos do FMI para o país conter gastos. Em Brasília, o peronista também alfinetou seus rivais na disputa pela Casa Rosada, Patricia Bullrich e Javier Milei, e celebrou o convite para a entrada da Argentina no Brics, feito na semana passada.

Massa e Haddad também anunciaram um acordo com o Banco de Desenvolvimento da América Latina, o CAF, um acordo de US$ 600 milhões em garantias para exportações brasileiras ao país vizinho.

Foto divulgada pelo Ministério da Economia da Argentina mostrando o ministro da Economia e candidato presidencial argentino Sergio Massa (esq.) e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva conversando durante uma reunião em Brasília em 28 de agosto de 2023.  Foto: Ministério da Economia da Argentina via AFP

Financiamento para a indústria

De acordo com Haddad, os US$ 600 milhões também serão garantidos pelo Banco do Brasil e serão destinados especialmente ao financiamento do comércio nos setores automotivo e alimentício. A título de exemplo, o ministro disse que se os US$ 600 milhões fossem investidos no setor automotivo, o Brasil venderia peças por esse valor e depois compraria carros da Argentina, o que contribuiria para aumentar a renda em moeda estrangeira do país vizinho, que não tem dólares suficientes para o comércio.

Massa, por sua vez, salientou que esse acordo ainda depende de algumas formalidades, incluindo uma reunião da diretoria do Banco de Desenvolvimento da América Latina-CAF a ser realizada em 14 de setembro, embora nem ele nem Haddad duvidassem que a operação seria totalmente aprovada nessa data.

Na reunião, Massa enalteceu também a importância do Brics após convite de integração ao bloco, que anunciou sua ampliação e a incorporação, a partir de 1º de janeiro de 2024, de seis novos membros: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. A declaração vem depois de candidatos adversários de Massa na Argentina criticarem a possibilidade de se juntar ao grupo.

Ele deu as declarações no Palácio do Planalto ao lado de Haddad. “Aproveito para contar-lhes que aproveitamos muito a reunião com o presidente Lula e o ministro Haddad para falar sobre o enorme passo que demos regionalmente com a incorporação, o convite, para a Argentina se integrar ao Brics por parte dos países fundadores”, comentou.

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Este é o segundo encontro oficial de Massa com Lula nos últimos meses. Anteriormente, na cúpula dos presidentes do Mercosul que ocorreu em 5 de julho em Puerto Iguazú, Massa, que se divide entre os cargos de ministro e candidato presidencial, se reuniu a sós com o presidente brasileiro para tratar sobre uma possível saída à profunda crise econômica que afeta a Argentina, bem como o apoio do presidente ao peronismo para frear o avanço da direita nas eleições de outubro.

Ampliação de benefícios sociais

A visita de Massa ocorre também depois medidas para conter a crise que ignoram os pedidos do FMI para o país conter gastos. No pacote anunciado pelo ministro, o governo fará uma ampla distribuição de benefícios para aposentados, pequenas e médias empresas, trabalhadores independentes, assalariados, o setor agrário e grupos que dependem de programas do Estado, além de créditos e redução de impostos.

“O objetivo principal é que cada setor da economia tenha ajuda, de alguma forma, do Estado”, disse Massa, citando a desvalorização da moeda e a crise climática sem precedentes como motivos para oferecer apoio.

De acordo com o plano de Massa, os 7 milhões de aposentados argentinos terão direito a receber – em setembro, outubro e novembro – um adicional de 37 mil pesos (US$ 105), elevando a pensão mínima para 124 mil pesos (US$ 354). Além disso, caso comprem com cartão, terão devolução do imposto sobre valor agregado até 18 mil pesos (US$ 51), além de créditos preferenciais<IP9,0,0>.

Trabalhadores independentes estarão isentos de pagar impostos durante seis meses e terão acesso a crédito, entre outras medidas. Também haverá créditos especiais para assalariados a taxas abaixo das praticadas pelo mercado, para que possam saldar dívidas.

O ministro anunciou ainda reforço no chamado “Cartão Alimentação” para as mães, que irá aumentando conforme o número de filhos. No setor agrário, um financiamento foi criado para fertilizantes para produtores de setores que estão vivendo em caráter de “emergência” em razão da seca.

Reservas cambiais em baixa

Massa ainda anunciou US$ 770 milhões para financiamento a exportações, o que, segundo ele, ajudará a apoiar as reservas argentinas, cada vez mais baixas. As medidas foram anunciadas após vários supermercados e comércios de diferentes cidades terem sido alvo de violentos saques nos últimos dias.

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A onda de violência levou muitos negócios a fecharem temporariamente as portas. A pobreza já afeta quase 40% da população argentina e a inflação está em 113,4%, na comparação anual de julho. Há ainda a incerteza eleitoral, após o libertário Javier Milei ser o candidato mais votado nas primárias – ele defende a dolarização da economia e a extinção do Banco Central da Argentina.

Agora, Massa aparece em segundo lugar em quatro das últimas cinco pesquisas divulgadas na semana passada. Ele corre contra o tempo para tentar conter o avanço de Milei, que lidera todas as sondagens, e evitar a aproximação da conservadora Patricia Bullrich, que aparece em terceiro em quatro das cinco pesquisas. /EFE, Agência Estado

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