Parte dos assessores políticos e conselheiros antigos do presidente Joe Biden estiveram concentrados nos últimos dias em como convencê-lo a se afastar da campanha presidencial dos Estados Unidos, informaram três fontes informadas sobre o assunto ao The New York Times.
Pelo menos dois assessores disseram a aliados que Biden não deveria continuar insistindo em um segundo mandato. Ao lado de outros assessores, eles planejam convencer o presidente democrata de que a derrota para Donald Trump é provável caso ele se mantenha na campanha e que outro nome, como a vice-presidente Kamala Harris, tem mais chances.
Outro ponto que Biden precisa ser convencido é de que o processo do partido para a escolha do novo nome, caso ele se retire, será ordenado e não se transformará em caos.
As discussões em torno de como convencer o presidente ainda não chegaram a Biden, de acordo com as fontes ouvidas pelo NYT sob condição de anonimato para discutir um tema delicado.
A Casa Branca negou que haja qualquer discussão neste sentido. “Inequivocamente, isso não é verdade”, disse Andrew Bates, um porta-voz da Casa Branca, ao jornal americano. “A equipe do presidente Biden o apoia fortemente.”
Um porta-voz da campanha, TJ Ducklo, também negou que haja um debate entre os assessores e conselheiros do democrata. “Esta equipe está com o presidente.”
Pessoas mais próximas do presidente, que inclui outros conselheiros de longa data e parentes, permanecem inflexíveis quanto à permanência de Biden na corrida presidencial. Mas, segundo uma fonte ouvida pelo NYT, as discussões não acontecem dentro desse grupo, que permanece fiel ao democrata.
Obstáculos
Entre os que acreditam que a desistência de Biden é a melhor opção, existem dúvidas de como convencê-lo de que ele não tem condições de vencer as eleições após o debate desastroso do dia 27 de junho. Pessoas próximas ao presidente dizem que ele continua acreditando, como antes do debate, que tem mais chances contra Trump do que Kamala Harris.
Desde o fim do debate, há uma crise na campanha democrata e uma pressão crescente para ele renunciar à reeleição, mas insuficiente para fazê-lo desistir.
A maioria dos democratas acha que Biden deveria se afastar, de acordo com uma pesquisa do Washington Post-ABC News-Ipsos publicada nesta quinta-feira, 11. A pesquisa também mostrou que a disputa continua acirrada entre o Trump e o Biden, mas indica que Kamala Harris sairia um pouco melhor se o substituísse na votação.
Biden e seus assessores rejeitam pesquisas que mostram preocupação com sua idade ou capacidade de ser presidente e estão encorajados após as pesquisas continuarem a mostrar uma disputa acirrada entre ele e o ex-presidente Donald Trump duas semanas após o debate.
O consenso no círculo do presidente é que são necessários números concretos para convencê-lo de que ele não é capaz de vencer o republicano, principalmente pesquisas que mostrem que houve diminuição do apoio a ele.
De acordo com o instituto Cook Political Report, uma organização respeitada que analisa o cenário eleitoral, seis Estados-chave no Colégio Eleitoral americano estão mais favoráveis a Trump do que a Biden. Isso reflete o desafio crescente enfrentado pelo democrata, mas outras pesquisas dão indicativos de que ele permanece na frente de Trump em alguns segmentos e alimentam a convicção do presidente e do seu círculo mais próximo de que é possível se recuperar do desempenho do debate.
Um memorando escrito por dois funcionários do alto escalão da campanha de Biden e distribuído à equipe nesta quinta-feira reafirmou a visão de que Biden ainda é o melhor candidato para derrotar Trump. “O movimento que vimos, embora real, não é uma mudança radical em questões raciais”, disse o memorando, escrito por Jen O’Malley Dillon, presidente da campanha, e Julie Chávez Rodríguez, gerente de campanha de Biden.
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