Eleições nos EUA: O que ainda está em disputa e quando a apuração por Estado deve terminar?

Controle da Câmara e do Senado ainda não estão definidos e casos específicos podem demorar meses até a contabilização de 100% dos votos

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Por Nate Cohn
Atualização:

Pela segunda eleição consecutiva nos EUA, a noite acaba sem um vencedor claro.

Pode levar dias até que o Partido Republicano ou o Partido Democrata seja projetado como ganhador na Câmara dos Deputados. Pode levar um mês até sabermos o mesmo para o Senado.

Aqui está o retrato de momento da corrida para ambas as Casas Legislativas e quando - talvez, apenas talvez - saberemos o resultado.

Funcionários eleitorais recolhem cédulas após o fechamento das urnas na Geórgia; Estado terá uma das corridas decisivas para o controle do Senado. Foto: Cheney Orr/ Reuters

Câmara dos Deputados

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O controle da Câmara dos Deputados pelo Partido Republicano era quase um desfecho adiantado na terça-feira, 8, até que os democratas superaram as pesquisas e projeções.

Os republicanos terão que abrir caminho para a maioria, assento por assento. O The Needle sugere que os republicanos são mais propensos a ganhar a Câmara do que a perder a disputa, mas não há certeza. Às 5 da manhã de quarta-feira, 9, havia apenas informações suficientes para que eles ganhassem 197 assentos - 21 a menos dos 218 necessários para a maioria.

Eles estão longe de serem chamados de vencedores em muitas dessas corridas - em muitos dos Estados, as cédulas enviadas por correio têm o potencial de ajudar os democratas. Levará dias para contar essas cédulas.

Enquanto isso, os democratas lideram outra frente de disputa que os republicanos podem acabar revertendo.

Senado

A luta pelo controle do Senado se reduzirá a quatro Estados: Wisconsin, Nevada, Geórgia e Arizona.

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Wisconsin parece ser o único que pode ser resolvido ainda nesta quarta. O republicano Ron Johnson liderou por pouco mais de um ponto percentual às 09h, com 94% dos votos apurados. Um punhado de condados ainda pode ter um número modesto de cédulas de eleitores ausentes para relatar, o que pode permitir que o desafiante democrata Mandela Barnes reduza parte da diferença. De qualquer forma, o número de cédulas deve ser determinado rapidamente. Eles também devem ser contados rapidamente.

Ron Johnson, candidato republicano ao Senado por Wisconsin lidera a disputa no Estado. Foto: Tannen Maury/ EFE

Do outro lado do espectro está a Geórgia, que parece improvável de ser resolvida antes do segundo turno da eleição de 6 de dezembro. Uma análise do The New York Times sobre os resultados por domicílio eleitoral e do estado sugere que é improvável que o senador Raphael Warnock (que lidera) alcance os 50% necessários para evitar o segundo turno, exceto um número incomum de cédulas por correio. Ao contrário de 2020, não houve muitos pedidos para voto neste formato no pleito.

Se Wisconsin optar por Johnson e a Geórgia estiver presa no purgatório do segundo turno, só há uma maneira de o Senado ser decidido rapidamente: um partido vencer no Arizona e em Nevada. Mas parece que nenhum dos dois fará isso em breve.

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Dos dois, Nevada tem a disputa mais apertada. Ainda assim, a corrida está muito próxima de acabar. O republicano Adam Laxalt lidera contra a democrata Catherine Cortez Masto por 2,7 pontos porcentuais, mas se espera que a maioria dos votos restantes seja de cédulas enviadas por correio, mais usadas por eleitores democratas, incluindo àquelas depositadas no dia da eleição.

O The Needle sugere uma disputa acirrada, mas muito permanece incerto, pois o número exato de cédulas pendentes não é claro. A participação no Estado parece bastante baixa, sugerindo que um grande número de cédulas pode permanecer. Também não está claro quanto tempo levará para contá-las. Da última vez, Joe Biden foi só teve a vitória projetada no Estado no sábado, apesar de ter vencido por uma margem de dois pontos e parecia prestes a ganhar nas últimas urnas. Agora, um caminho claro para a vitória parece improvável para qualquer dos candidatos.

O reverendo Raphael Warnock, candidato do Partido Democrata ao Senado na Geórgia, lidera a disputa no Estado. Foto: Bob Strong/ Reuters

A situação no Arizona é ainda menos clara, mas aqui há pelo menos uma chance de uma solução rápida. O democrata Mark Kelly lidera por seis pontos porcentuais, 52% a 46%, com a maior parte do dia da eleição e os primeiros votos contados. A maioria dos votos restantes são as cédulas por correio que foram devolvidas ao Estado perto da eleição, inclusive no dia da eleição, juntamente com cédulas provisórias.

Em geral, cédulas enviadas por correio e provisórias costumam significar votos democratas. Mas este não é um caso normal. A grande maioria dos eleitores vota pelo correio no Arizona, de modo que as cédulas não são tão favoráveis ao partido governista. Em vez disso, um padrão estranho surgiu nos últimos anos: os democratas enviam suas cédulas bem antes da eleição, deixando os republicanos entregar suas cédulas perto da eleição ou simplesmente preferir votar pessoalmente. Em 2020, Donald Trump venceu as cédulas contadas após o dia da eleição por uma ampla margem no Estado, transformando uma vantagem de quatro pontos para Biden em uma vitória por menos de um ponto.

Desta vez, o republicano Blake Masters precisará montar um retorno ainda maior - pelo menos medido em margem de pontos porcentuais. Pode parecer assustador, mas pode não ser tão desafiador quanto parece: pode haver cerca de duas vezes mais cédulas por correio pendentes, como uma parcela de todos os eleitores, do que havia neste momento de 2020.

Kelly aparentemente tem uma vantagem saudável desde a votação inicial, mas não há provas concretas de que uma vitória de Masters seja impossível. Provavelmente começaremos a ter uma noção se essas cédulas por correio se parecem com os votos por correio de 2020 já hoje.